ATA DA TRIGÉSIMA NONA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 21.05.1997.

 


Aos vinte e um dias do mês de maio do ano de mil novecentos e noventa e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas foi realizada a  chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Cláudio Sebenelo, Cyro Martini, Décio Schauren, Eliseu Sabino, Guilherme Barbosa, Hélio Corbellini, João Carlos Nedel, João Dib, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Paulo Brum, Renato Guimarães, Tereza Franco e Maristela Maffei. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Anamaria Negroni, Antonio Hohlfeldt, Antônio Losada, Carlos Garcia, Clênia Maranhão, Clovis Ilgenfritz, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Gerson Almeida, Isaac Ainhorn, João Motta, Luiz Braz, Nereu D'Ávila, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol e Sônia Santos. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Trigésima Oitava Sessão Ordinária, que foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Antonio Hohlfeldt, o Projeto de Resolução nº 16/97 (Processo nº 1618/97); pelo Vereador João Carlos Nedel, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador José Valdir, o Projeto de Lei do Legislativo nº 103/97 (Processo nº 1636/97); pelo Vereador Reginaldo Pujol, os Pedidos de Informações nºs 88, 89 e 90/97 (Processos nºs 1602, 1603 e 1604/94, respectivamente) e a Emenda nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 66/97 (Processo nº 1268/97); pela Vereadora Tereza Franco, as Indicações nºs 57 e 58/97 (Processos nºs 1655 e 1656/97, respectivamente). Ainda, o Senhor Presidente deferiu Requerimento da Vereadora Maria do Rosário, solicitando o desarquivamento do Projeto de Lei do Legislativo nº 21/94 (Processo nº 660/94). Também, foi apregoado Requerimento do Vereador João Dib, de Renovação de Votação do Requerimento do Vereador Gerson Almeida, que solicita seja o  Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 02/97 considerado em regime de urgência e submetido à reunião conjunta de Comissões Permanentes. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 226 e 227/97, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; s/nº, da Senhora Nara Costa Rodrigues, Presidenta da Associação Nacional de Gerontologia - ANG; s/nº, do Senhor Jair dos Santos Rodrigues, Presidente do Jockey Club do Rio Grande do Sul; Cartões: do Senhor Nelson Boeira, Secretário da Cultura do Estado do Rio Grande do Sul; do Senhor José Fernando Cirne Lima Eichenberg, Secretário de Estado da Justiça e Segurança/RS; da Senhora Iara Sílvia Lucas Wortmann, Secretária de Estado da Educação/RS; do Senhor José Carlos de Moura Jardim Filho, Prefeito Municipal de Alegrete/RS; Convites: da Prefeitura  Municipal de Porto  Alegre,  através do Departamento de <MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm><D>Esgotos Pluviais - DEP, do Conselho do Orçamento Participativo - COP e da Sociedade Amigos da Vila Leão - SVIL, para o ato de entrega da obra de ampliação do canal do Arroio Sarandi, realizado em dez de maio do corrente; da Petróleo Brasileiro S.A. - Petrobrás, através da Refinaria Alberto Pasqualini, da Secretaria de Estado da Cultura/RS, da Casa de Cultura Mário Quintana e do Projeto Portinari, para a abertura da exposição "O Brasil de Portinari", realizada em treze de maio do corrente; da Federação das Associações Comerciais do Rio Grande do Sul - FEDERASUL, para a reunião-almoço com o palestrante Senhor Fernando ABS da Cruz Souza Pinto, Presidente da Viação Aérea Riograndense, realizada em sete de maio do corrente; da Diretoria da Arca Consórcios, para o evento de confraternização pelo seu trigésimo aniversário, realizado em quatorze de maio do corrente; do Juiz Pedro Máximo Paim Falcão, Presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, e da Juíza Vânia de Almeida Sieben Rocha, Diretora do Foro da Seção Judiciária do Estado/RS, para os atos de inauguração do Foro Ministro Américo Godoy Ilha, realizados em nove de maio do corrente; da Associação Fraternal de Recuperação Universal Comunidade Terapêutica Oásis - AFRUCTO, para a comemoração do seu primeiro aniversário, realizada em quinze de maio do corrente; da Jornalista Beatriz Fagundes, do GBOEX e da Edições Renascença, para o coquetel de lançamento e a tarde de autógrafos do livro "Armadilha", realizados em sete de maio do corrente; do Centro Franco Brasileiro - Alliance Française, para a solenidade de posse da nova Diretoria eleita e comemoração do seu vigésimo sétimo aniversário de fundação, realizadas em treze de maio do corrente; do Ministro da Saúde, para a solenidade de posse do Dr. Cláudio Vitorio Rymsza no cargo de Chefe de seu Escritório de Representações no Estado do Rio Grande do Sul, realizado em doze de maio do corrente. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor Itibiribá Acosta, Presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado/RS, que discorreu sobre a mobilização da categoria que representa, em busca do atendimento de suas reivindicações, concernentes à duração da jornada de trabalho, reposições salariais e contrárias à instalação de catracas eletrônicas nos coletivos. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Elói Guimarães, reportando-se ao tema da Tribuna Popular, manifestou seu apoio às reivindicações dos trabalhadores rodoviários, em especial à questão da implantação de catracas eletrônicas nos veículos de transporte coletivo de Porto Alegre. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, o Projeto de Lei do Legislativo nºs 179/96, discutido pelos Vereadores João Carlos Nedel e Renato Guimarães; os Projetos de Lei do Legislativo nºs 54/97, discutido pelo Vereador João Carlos Nedel, 60, 61, e 71/97, este discutido  pelo Vereador Adeli Sell, 74/97, este discutido pelo Vereador Cyro Martini, 78, 79, 80, 81, 83, 92, 98 e 96/97, este discutido pelos Vereadores João Dib e Cyro Martini;  os  Projetos  de  Lei do Executivo  nºs 19 e 20/97 e 66/96, este discutido pelos Vereadores João Dib e Renato Guimarães; os Projetos de Resolução nº 13 e 15/97; o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 08/97; em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 40 e 75/97; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 59 e 65/97; o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 09/97. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Fernando Záchia criticou o teor de peça informativa publicada pela Prefeitura Municipal, que versa sobre questões relativas à ocupação, por parte do Sport Club Internacional, de áreas pertencentes ao Município. O Vereador Pedro Américo Leal teceu considerações a respeito dos problemas de trânsito verificados na Avenida Loureiro da Silva, nas imediações desta Casa. Ainda, manifestou sua inconformidade com o fato de que, mesmo após reiteradas manifestações feitas por Sua Excelência ao Executivo Municipal, tais problemas  ainda não foram solucionados. O Vereador Cláudio Sebenelo, reportando-se à edição de hoje do Diário Oficial de Porto Alegre, discorreu a respeito do ingresso, pela Prefeitura Municipal, de Agravo de Instrumento contra a liminar que deferiu a manutenção de posse ao Sport Club Internacional da área existente entre a ex-Vila Cai-Cai e o Parque Gigante. A seguir, mediante solicitação do Vereador João Dib, foram convidados a integrar a Mesa dos trabalhos o Senhor Rubem Kessler da Silva e a Senhora Odila da Silva, pais do Vereador Clovis Ilgenfritz, que foram saudados, em nome da Casa, pelo Vereador Adeli Sell. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Rubens da Silva e à Senhora Odila da Silva, que agradeceram a saudação recebida deste Legislativo. Às quinze horas e um minuto os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quinze horas e três minutos, constatada a existência de "quorum". Em continuidade, o Senhor Presidente, nos termos da alínea "f" do § 1º do artigo 94 do Regimento, concedeu a palavra ao Vereador Luiz Braz, que relatou visita feita, juntamente com os Vereadores Fernando Záchia e Clênia Maranhão, ao Bairro Cristal, onde cerca de seiscentas famílias serão transferidas para outros pontos da cidade, a fim de que possa ser construído, naquela área, o "Shopping Center Cristal". Ainda, propugnou pela criação de uma Comissão Especial para acompanhar o assunto. Em prosseguimento, o Vereador José Valdir formulou questionamentos acerca dos critérios de interpretação da alínea "f" do § 1º do artigo 96 do Regimento, tendo o Senhor Presidente solicitado o encaminhamento por escrito das questões levantadas por Sua Excelência. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Gerson Almeida discorreu sobre a situação das áreas municipais ocupadas irregularmente pelo Sport Club Internacional, e as medidas tomadas pelo Executivo Municipal para impedir que área pública próxima ao Estádio Beira-Rio fosse ocupada por entidade privada. A seguir, constatada a existência de "quorum", foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo nº 159/96 e a Emenda nº 01 a ele aposta. Em Discussão Geral e Votação Nominal esteve o Projeto de Lei do Legislativo nº 02/97 que, após ser discutido<MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm>  pelos  Vereadores João Dib, Isaac Ainhorn e Luiz Braz, teve adiada sua discussão por duas Sessões a Requerimento, aprovado, do Vereador Gerson Almeida. Na oportunidade, o Vereador Gerson Almeida cedeu seu tempo de discussão desse Projeto ao Vereador Isaac Ainhorn. Em Discussão Geral e Votação foram aprovados os Projetos de Lei do Legislativo nºs 36, 37, 38/97, este após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Fernando Záchia e Adeli Sell, e 39/97, este após ser encaminhado à votação pelo Vereador Fernando Záchia. A seguir, foram aprovados os seguintes Requerimentos: do Vereador João Motta, solicitando que o Projeto de Lei do Executivo nº 20/97 (Processo nº 1573/97) seja considerado em regime de urgência e submetido à reunião conjunta de Comissões Permanentes, este após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Isaac Ainhorn e João Dib;  do Vereador João Dib, solicitando Renovação de Votação do Requerimento de autoria do Vereador Gerson Almeida, que solicita seja o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 02/97 considerado em regime de urgência e submetido à reunião conjunta de Comissões Permanentes, este após ser encaminhado à votação pelos Vereadores João Dib, Luiz Braz e Gerson Almeida; de nº 124/97 (Processo nº 1680/97 - solicita Sessão Solene para homenagear o Dia do Pastor), do Vereador Eliseu Sabino. Em prosseguimento, foi rejeitado o Requerimento nº 126/97 (Processo nº 1710/97 - Moção de Apoio a uma ampla inquirição no Congresso Nacional, com vistas a apurar as denúncias existentes sobre compra e venda de votos no processo de reeleição), do Vereador Antonio Hohlfeldt, por onze votos SIM, dezessete votos NÃO e uma ABSTENÇÃO, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Luiz Braz, Carlos Garcia, Nereu D'Ávila, Lauro Hagemann, Pedro Américo Leal, João Motta, Reginaldo Pujol, Antonio Hohlfeldt e Cláudio Sebenelo, tendo votado Sim os Vereadores Anamaria Negroni, Antonio Hohlfeldt, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Fernando Záchia, João Carlos Nedel, João Dib, Luiz Braz, Reginaldo Pujol, Sônia Santos e Tereza Franco, votado Não os Vereadores  Adeli Sell, Antônio Losada, Carlos Garcia, Cyro Martini, Décio Schauren, Elói Guimarães, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa,  Isaac Ainhorn, João Motta, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Nereu D'Ávila, Pedro Ruas, Renato Guimarães e Maristela Maffei e optado pela Abstenção o Vereador Pedro Américo Leal. Na ocasião, o Vereador Adeli Sell solicitou ao Vereador Luiz Braz a retirada de termo utilizado durante seu encaminhamento do Requerimento nº 126/97. Também, o Vereador Gerson Almeida solicitou cópia dos apanhados taquigráficos referentes a esse pronunciamento do Vereador Luiz Braz, tendo recebido a anuência deste Vereador. A seguir, foi aprovada a prorrogação dos trabalhos da presente Sessão, por vinte e dois votos SIM e dois votos NÃO, sendo submetida à votação nominal por solicitação do Vereador Isaac Ainhorn e tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Anamaria Negroni, Antônio Losada, Clênia Maranhão, Cyro Martini, Décio Schauren, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel, João Motta, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Nereu D'Ávila, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Renato Guimarães, Sônia Santos e Maristela Maffei e votado Não os Vereadores Carlos Garcia e João Dib. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou as presenças do Vereador Altamir Fernandez, da cidade de Pato, <MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm>em Minas Gerais, e do Senhor Hideraldo Caron, Secretário Municipal do Meio Ambiente. Em prosseguimento, foi aprovado Requerimento nº 130/97 (Processo nº 1729/97 - Moção de Solidariedade aos Parlamentares que assinaram o Requerimento que solicitou a formação de uma CPI no Congresso Nacional, para investigar a compra de votos por ocasião do processo de votação da Emenda Constitucional que dispôs sobre a possibilidade de reeleição para os cargos executivos), do Vereador Nereu D'Ávila, por vinte e um votos SIM e uma ABSTENÇÃO, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores João Dib, Pedro Ruas, Luiz Braz e Gerson Almeida, sendo submetido à votação nominal por solicitação dos Vereadores Pedro Ruas e João Dib, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Carlos Garcia, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Cyro Martini, Décio Schauren, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel, João Motta, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Nereu D'Ávila, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Renato Guimarães e Maristela Maffei e optado pela Abstenção o Vereador João Dib. Às dezoito horas e quarenta e três minutos, esgotada a Ordem do Dia, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima sexta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Clovis Ilgenfritz, Isaac Ainhorn, Reginaldo Pujol, Paulo Brum e Guilherme Barbosa e secretariados pelos Vereadores Paulo Brum, Carlos Garcia e Adeli Sell, este como Secretário "ad hoc". Do que eu, Paulo Brum, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum):  Passamos à

 

                                    

TRIBUNA POPULAR

 

 A entidade que hoje se faz presente é o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado do Rio Grande do Sul. O assunto é a situação da categoria rodoviária. Convidamos o Sr. Itibiribá Acosta, Presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado do Rio Grande do Sul,  para usar a Tribuna Popular.

 

O SR. ITIBIRIBÁ ACOSTA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, estamos vivendo, nesta última semana, um movimento de paralisações por empresa. Em virtude disso, acumulamos experiências para chegar à greve geral da categoria a fim de conseguirmos sensibilizar a classe patronal a negociar, concedendo-nos as seis horas, a não - instalação da roleta eletrônica e o cumprimento da sentença normativa do dissídio de 1996: correção salarial pela inflação e aumento real de salários.

Para iniciar, queremos mostrar a V.Exa. que a Seção Especializada do TRT da 4ª Região entendeu conceder várias cláusulas aos rodoviários, direitos esses fundamentados nas orientações da Convenção nº 153 da Organização Internacional do Trabalho - OIT -, nas normas de segurança e medicina do trabalho, nas normas de segurança da população, na Constituição, na lei e jurisprudência e, principalmente, nos enunciados e precedentes do TRT e do TST.

 As empresas recorreram a Brasília, e o dissídio corre o risco de ser julgado somente no final do ano.

 As empresas de ônibus, não contentes com o recurso, nos surpreenderam com o pedido de efeito suspensivo, sendo-lhes concedidos, integralmente, os seus pleitos, sem que sequer fôssemos ouvidos.

 Em todo o desenvolvimento do recurso promovido pelos patrões, esses baseavam suas negativas nas cláusulas concedidas pelo TRT, dizendo que elas só aumentavam os custos das empresas e da população usuária, ou seja, que a passagem, ou tarifa, seria aumentada, trazendo prejuízos à população.

 Entretanto, não havia necessidade do recurso de  efeito suspensivo, pois os patrões não estão cumprindo nenhuma das cláusulas aprovadas pelo colendo TRT da 4ª Região. E o pior, os patrões protocolaram na Prefeitura Municipal de Porto Alegre, sob o nº 1.006603.97.1.000, no dia 26 de fevereiro de l997, às 09h23min, um pedido para aumento das passagens de ônibus. Senhoras e Senhores, vejam só em que eles basearam tal pedido:

“Exmo. Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre. N/Capital. Esta ATP, em nome das empresas operadoras do transporte coletivo de Porto Alegre, vem respeitosamente à presença de V. Exa. para expor e após requerer o seguinte: ... 3º) Recentemente o TRT, julgando dissídio dos rodoviários, condenou as empresas de ônibus a pagar, retroativamente a junho/96, acréscimos de horas extras no valor de 100% e de adicional noturno no valor de 60%, além de outros. Haverá, portanto, caso seja mantida essa decisão, uma repercussão significativa nas folhas de pagamentos, sem cobertura de receita para enfrentar essa despesa.

Nessas condições, tendo em vista a situação de extrema gravidade financeira pela qual passam as empresas, em face da impossibilidade de concessão de um reajuste pleno que venha a recuperar toda a defasagem dos custos, solicito a V. Exa. a concessão, em caráter provisório, de um reajuste na tarifa do sistema de transporte coletivo, para que as empresas consigam manter o atual nível de qualidade dos serviços, até que as condições legais permitam a completa correção desse valor... José Alberto Guerreiro - Presidente”.

 As empresas, mesmo não cumprindo com a sentença normativa prolatada pelo TRT, pediram o aumento da passagem para pagar o adicional noturno de 60% e a hora extra de 100%. Vejam só o que o Prefeito Municipal do PT diz no Decreto nº 11.700:

“Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Decreto nº 11.700. Fixa tarifa para o transporte coletivo urbano do Município e dá outras providências. O Prefeito Municipal de Porto Alegre, no uso de suas atribuições legais, considerando o reajuste de combustíveis, ocorrido em 17/12/96, e o recente julgamento do dissídio/96 dos rodoviários pelo TRT, DECRETA: Fica o valor da tarifa única dos serviços de transporte coletivo por ônibus de Porto Alegre fixado em R$ 0,60 (sessenta centavos). Raul Pont - Prefeito”.

 Ou seja: eles mentiram ao Prefeito, que caiu com um “pato no conto do vigário”, que beneficiou os patrões aumentando as passagens, penalizando os cidadãos de Porto Alegre. Os patrões, por outro lado, não repassaram absolutamente nada, nem o percentual do aumento das passagens, e ainda suspenderam as cláusulas sentenciadas pelo TRT. Quanto à diminuição do horário de trabalho para seis horas diárias, consta da cláusula nº 29 do nosso pedido deste ano que “será de 36 horas semanais a jornada máxima de trabalho dos membros da categoria rodoviária”.

A redução da jornada semanal para 36 horas é uma reivindicação justa, tendo em vista as seguintes razões elencadas a seguir: 1. a diminuição de horário para 36 horas representará uma diminuição no número de acidentes. Conforme estudos da Supervisão de Transportes - SUTRAN, da Secretaria Municipal dos Transportes - SMT, da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, consolidados em um relatório denominado de “Veículos envolvidos em acidentes por empresa”, são descritos todos os acidentes ocorridos no ano de 1995 com os ônibus de Porto Alegre, exclusivamente com as permissionárias da Capital, excluídas, portanto, as empresas municipais, estaduais e nacionais que por aqui transitam. No relatório estão os acidentes ocorridos a cada mês, por empresa, e um cálculo sobre o percentual que representam quando confrontados com a frota. Durante o ano de 1995 houve 1.221 acidentes com ônibus, com um percentual de 86% em relação à frota. Segundo os mesmos dados, o grande número de acidentes foram ocasionados por fadiga e desatenção, conseqüência esta da primeira. Menos fadiga, menos acidentes; menos horas trabalhadas, menos fadiga. Não somos nós que dizemos isso. A opinião é da própria Prefeitura Municipal, que qualifica a nossa reivindicação; 2. tramita, no Congresso Nacional, lei federal para instituir as seis horas, inclusive com aprovação nas Comissões de Justiça, Constituição e Trabalho, faltando somente a de Finanças para ir a Plenário; 3. por fim, já existe diminuição de horário dos motoristas em mais de 15 capitais. Assim, traremos apenas algumas correções para melhor clarear a reivindicação da proposta. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para uma Comunicação de Liderança pelo PDT.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Rodoviário, Acosta, Diretoria do Sindicato, eu devo dizer que, sobre essas questões ligadas ao transporte nos diferentes modais - tanto lotação como táxi -, eu tive uma grande oportunidade posto ter sido Secretário Municipal dos Transportes.

Quando, nesses últimos dias, surgiu essa questão, visto que o dissídio é dia 1º de junho, o Sindicato procurou-me para que se examinasse que possibilidade se teria para viabilizar esse reajuste, que é justo, que eles pedem nos seus salários.

Então, fiz ver ao Sindicato a complexidade do assunto e também antecipava, já, o entendimento  que, posteriormente, a nossa assessoria técnica confirmava. Uma lei bem feita, de boas intenções, bem trabalhada, de autoria do Ver. Fernando Záchia, estabeleceu um mecanismo que, num primeiro momento, é de grande valia para o reajuste tarifário, posto que estabelecia a tarifa uma vez por ano. Examinei rapidamente a matéria e me chamou a atenção porque, em matéria econômica, de preços, estabelecer um prazo... Não se tem bola de cristal para ver o que está lá na frente. Se recrudesce um processo inflacionário, os custos aumentam e etc. Isso enquanto o Real perdurasse, e ele perdura. Então, diria que essa lei engessou a tarifa e surgiu, aí, o problema do reajuste das tarifas. Houve um reajuste, só que esse reajuste não cumpriu as custas passadas - apenas atualizou. Mas esse reajuste não adiantou porque não estava prevendo o dissídio que viria mais a frente. Estamos nesse impasse, segundo o meu assessor, que foi um dos melhores Secretários Municipais - o Celso, a quem solicitei que examinasse essa questão da tarifa para ver se havia “gorduras”. Ele me informou que está tudo ajustadíssimo e que a única maneira, segundo opinião dos empresários aos meios de comunicação, de se fazer o reajuste salarial seria mexer na lei. Diante disso, até ontem conversei com o Presidente da Comissão de Transportes para que, de repente, se reúna aqui, na Casa, pelas suas Comissões. Que se tragam os técnicos, se traga a Prefeitura, se traga a Secretaria,  os empresários e etc. Vamos sentar à mesa,  discutir e ver o que é possível fazer diante da decisão dos motoristas e cobradores. Quero colocar, e já coloquei para a Elaine e para o Luiz, naquele dia em que eles estiveram aqui, que eu defendo o cobrador. Essa história de roleta eletrônica pode, muitas vezes, utilizar os lucros e etc., mas coloca a gente à margem. Então, há uma série de questões que temos que debater. Por isso, quero trazer a minha solidariedade à luta do Sindicato na busca que é por demais justa, tendo em vista que defasagens estão acumuladas e se acumulam até o dia 1º. Muito obrigado. (Palmas.)

 

 (Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Agradecemos a presença do Sr. Itibiribá Acosta, Presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado do Rio Grande do Sul. Solicito ao Sr. Vice-Presidente da Casa, Ver. Isaac Ainhorn, para que assuma a Presidência dos trabalhos.

 

O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Passamos ao período de

 

 

PAUTA

 

 

DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

1ª SESSÃO

 

PROC. 1277/97 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 008/97, de autoria do Ver. Fernando Záchia, que altera dispositivos da Lei Complementar nº 197, de 21 de março de 1989, modificada pelas Leis Complementares nºs 308, de 28 de dezembro de 1993, e 321, de 19 de maio de 1994, e dá outras providências. (alteração da alíquota do imposto de transmissão de imóveis)

 

PROC. 1291/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 071/97, de autoria do Ver. Adeli Sell, que institui a Feira do Disco em Porto Alegre e dá outras providências. Com Emenda nº 01.

 

PROC. 2874/96 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 066/96, que institui Áreas Especiais de Interesse Social e dá outras providências. (regularização fundiária)

 

PROC. 3209/96 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 179/96, de autoria do Ver. Henrique Fontana, que denomina Rua Beth Sangoi um logradouro público localizado junto ao nº 3850 da Estrada João de Oliveira Remião, no Bairro Lomba do Pinheiro.(desarquivado a requerimento do Ver. Renato Guimarães)

 

PROC. 1370/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 078/97, de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, que denomina Praça Firmino Sá Brito Cardoso um logradouro público localizado no loteamento Jardim Vila Nova, no Bairro Vila Nova.

 

PROC. 1388/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 080/97, de autoria do Ver. Carlos Garcia, que denomina Rua Prof. Aldo Carlitos Potrich um logradouro público localizado no Bairro Partenon. Com Emenda nº 01.

 

PROC. 1472/97 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 015/97, de autoria do Ver. Juarez Pinheiro, que concede o título honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao Doutor Carlos Grossman.

 

PROC. 1498/97 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 019/97, que autoriza a abertura de créditos especiais no valor de R$ 615.000,00 no Departamento Municipal de Água e Esgotos - DMAE e dá outras providências. (Projeto Prosanear)

 

PROC. 1200/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 054/97, de autoria do Ver. Hélio Corbelini, que cria o Balanço Social das Empresas estabelecidas no âmbito do Município de Porto Alegre e dá outras providências.

 

PROC. 1230/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 060/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que institui o Prêmio de Urbanismo "Urbanista da Metrópole" e dá outras providências. 

 

PROC. 1231/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 061/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que dispõe sobre a exibição de animais da fauna exótica, para fins artísticos de diversões públicas, comerciais, culturais, científicos, promocionais, ou de qualquer outra natureza, por estabelecimentos de catáter transitório e dá outras providências.

 

1321/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 074/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que dispõe sobre demarcação de faixa de estacionamento livre para carga e descarga em frente às bancas de jornais.

 

PROC. 1374/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 079/97, de autoria do Ver. José Valdir, que acrescenta dispositivos à Lei nº 2.926, de 12 de julho de 1966, que estabelece as condições pelas quais são as sociedades declaradas de utilidade pública.

 

PROC. 1396/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 081/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que institui, no Município de Porto Alegre, a Semana Educativa de Preservação do Meio Ambiente e dá outras providências.

 

PROC. 1411/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 083/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que dispõe sobre a participação de padarias, bares, lanchonetes, supermercados e comércio em geral, no auxílio ao trabalho de divulgação de crianças desaparecidas.

 

PROC. 1460/97 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 013/97, de autoria do Ver. João Motta, que concede o Prêmio de Teatro Corpo Santo ao Diretor de Teatro Néstor Monasterio.

 

PROC. 1438/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 092/97, de autoria da Vera. Anamaria Negroni, que institui o período de 20 a 23 de abril como destinado a homenagens ao Orixá Ogum-São Jorge, no Município de Porto Alegre. Com Emenda nº 01.

 

PROC. 1543/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 096/97, de autoria da Vera. Sônia Santos, que denomina Rua General Arthur Floriano de Toledo Júnior um logradouro público localizado no Bairro Nonoai. Com Emenda nº 01.

 

PROC. 1555/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 098/97, de autoria do Ver. Nereu D'Ávila, que denomina Av. Moab Caldas um logradouro irregular localizado no Bairro Santa Teresa.

 

PROC. 1573/97 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 020/97, que autoriza o Chefe do Poder Executivo a intervir no acordo de parcelamento de débito junto ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS, entre o Departamento Municipal de Habitação - DEMHAB e a Caixa Econômica Federal - CEF. Urgência.

 

2ª SESSÃO

 

PROC. 0967/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 040/97, de autoria da Vera. Maria do Rosário, que normatiza o funcionamento dos estacionamentos em lojas, "shopping-centers" e supermercados.

 

PROC. 1324/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 075/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que dispõe sobre campanha permanente de incentivo à arborização de ruas, praças e jardins da Cidade e dá outras providências.

 

<D><D><MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=15 mm><LF=164 mm><AF=257 mm><D><E>3ª SESSÃO

 

PROC. 1224/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 059/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que dispõe sobre a obrigatoriedade de Curso Superior de Educação Física para os responsáveis pelas Academias de Artes Marciais.

 

PROC. 1266/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 065/97, de autoria do Ver. Eliseu Sabino, que dispõe sobre a construção de um busto em homenagem a Lydia Moschetti.

 

PROC. 1278/97 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 009/97, de autoria do Ver. Fernando Záchia, que acrescenta § 5º ao artigo 69 da Lei Complementar nº 07, de 07.12.73, especialmente alterado pelas Leis Complementares nºs 209, de 28.12.89, e 228, de 27.06.90, e dá outras providências. (redução do percentual de multa incidente em Imposto sobre transmissão "inter vivos") 

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, dois Projetos na Pauta do dia de hoje me deixam com um pouco de preocupação.

Um, extremamente simples, que é da Vera. Sônia Santos,  denomina  Rua General Arthur Floriano de Toledo Júnior um logradouro público localizado no Bairro Nonoai. É muito nome para uma rua só. Tem-se procurado fazer com que o nome seja menor para que seja assimilado pela população e para que uma placa possa conter de forma visível todo esse nome. Quer dizer,  General Arthur Floriano de Toledo Júnior são cinco nomes não contando o "de". Acho que essa pessoa, em vida, era conhecida não por todo esse nome, mas por alguma coisa menos do que isso aí. Talvez fosse de reexaminar o nome para que a população pudesse absorver com maior facilidade e a homenagem tornar-se efetiva.

Outro Projeto que me preocupa é esse do Executivo, que institui áreas especiais de interesse social e dá outras providências.  O Executivo pretende colocar não sei exatamente quantas, mas não são poucas - são cento e uma áreas especiais de interesse social. Cada caso é um caso e deveria ser trazido ao conhecimento da Câmara, porque o Executivo demonstrou até agora que não é  confiável. Por exemplo, vejo aqui a Vila Planetário, área especial de interesse social. Se tivesse passado nesta Câmara, ter-se-ia visto que era irregular, que era ilegal, que não cumpria o que determina a lei. Pois a área foi desapropriada para que se fizesse,  ali, escola. E o Executivo tratou aquela área como se fosse área não-urbanizada. Ora, se tinha prédios, como que não era urbanizada? Era a mesma coisa que dizer, quando o Grande Hotel queimou e ficou queimado por muito tempo,  que aquela área não era urbanizada, apesar de estar na Rua dos Andradas, na Rua Riachuelo e na Rua Caldas Júnior. Era a mesma coisa.

 

O Sr. Adeli Sell: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador. )  A Prefeitura não é confiável apenas por causa desses aspectos ou há outros problemas maiores?

 

O SR. JOÃO DIB: Não, só nesses aspectos. A Prefeitura é confiável em muitas outras coisas. Eu estou até satisfeito com a Prefeitura, pois vai prolongar a Av. Neuza Brizola e a Barão de Ubá. Espero que seja verdade, pois não tenho por que duvidar. A Vila Jardim, área especial de interesse social,  essa a Prefeitura sabia que havia uma decisão judicial sobre ela e mandou para esta Casa sem informar da decisão judicial. A Câmara aprovou por vinte e seis votos contra dois. Graças a Deus, eu era um dos dois. Não tenho peso na consciência. Achava que, se alguém comprou um terreno para fazer a sua casa e ali havia uma área que seria ajardinada, de repente, colocar uma outra casa, não sei. Ele pagou por aquela área ajardinada. A Prefeitura sabia que havia uma decisão judicial, uma liminar, e a Prefeitura é muito ágil quando se trata de liminar. O Prefeito Tarso Genro, em maio de 1995, entrou na Justiça declarando inconstitucional uma lei que ele mesmo encaminhara para a Câmara Municipal. Tão logo recebeu a liminar, ele retroagiu a lei para tomar o dinheiro dos municipários. Quer dizer: quando a liminar é favorável à Prefeitura as coisas funcionam muito ligeiro. Agora, essa liminar que impediria uma Administração que procedesse com correção de encaminhar um projeto de lei à Câmara não foi observada. Note-se que o projeto de lei veio depois da liminar, não antes. Se tivesse vindo antes, eu teria entendido. Assim como a Lupicínio Rodrigues, de repente, eles transformam aquilo como área não-urbanizada, e houve um trabalho muito grande. Até li, agora, nos Anais da Câmara de 47, onde dizia que queriam urbanizar a Ilhota com o desmonte do morro Teresópolis. O Prefeito Vilella urbanizou a Ilhota e não desmontou morro algum. Muito obrigado.

 

 (Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Fernando Záchia está com a palavra para uma Comunicação de Liderança.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na semana passada, nesta Casa, não só nesta Casa mas na Cidade, foi amplamente discutida, Ver. Adeli Sell, a questão  da invasão, por parte da Prefeitura, da área do Internacional. Esta é a posição que tomávamos e dizíamos, e o próprio Ver. Gérson Almeida - Líder do PT - vinha à tribuna dizendo que o PT tinha documentação. E nós reclamávamos da forma como tinha sido feita aquela ação, ou aquela invasão, por parte da SMOV e da SMAM. Achamos que tinha sido extremamente violenta, demasiada. Mas agora esse informe direto da Prefeitura, que tem por objetivo correto esclarecer a opinião pública, além de ser mal-intencionado, é mentiroso. Tem tantos erros, tantas inverdades, que a pessoa que elaborou isso é mal-intencionada, quando, nas áreas definidas, aqui desenhadas, em cada área se faz um comentário: que o Internacional está irregular em determinado momento, que ocupa estas áreas como campo de treinamento - atrás do Gigantinho -, isso é um estacionamento que nem é do Internacional. Acho que as pessoas que fizeram isso certamente conhecem a área. Isso que está marcado como estacionamento do Internacional e campos de treino, atrás do prédio do Gigantinho, é um estacionamento que é explorado pelo MAPA há anos, ou por alguém. Não pelo Internacional. E aqui fala que a doação feita pelo DNOS, alegada pelo Internacional, não tem valor jurídico. Ora, hoje o Juiz indeferiu a cassação da liminar feita pela Prefeitura. Há justiça! A Justiça é no Fórum, e o Fórum é o único local onde pode ser resolvido isso: o Juiz, que é isento, indeferiu em cima de uma documentação apresentada pelo Internacional. Então, nós não podemos desconsiderar a questão jurídica, Ver. Guilherme Barbosa. O Internacional sempre disse que tinha documentação que lhe garantia a posse. A Prefeitura dizia que aquela documentação do Internacional não tinha valor jurídico algum. O Internacional entrou com uma liminar, foi aceita pela Justiça num primeiro momento, Ver. Isaac Ainhorn, e num segundo momento a Prefeitura, depois de mais de uma semana - certamente estava juntando documentação ou embasamento técnico para poder cassar a liminar -, entrou hoje e foi negada pela Justiça. Então, toda essa papelada, tudo o que está escrito, as inverdades técnicas e as mentiras, dizendo que a  documentação do Internacional não tem valor jurídico... E a Justiça reconhece que o Internacional não ingressou com um projeto técnico ou produziu relatório de impacto ambiental, dois procedimentos básicos exigidos para qualquer obra. O Secretário Burmeister, nesta semana, dizia que no Projeto Hermes não é necessário, que para alguns projetos nesta Cidade não é necessário. Nós, Vereadores, Ver. João Dib, acreditamos no Secretário  Burmeister, evidente. Isso aqui diz “em qualquer obra”.

Essas inverdades são importantes porque, de uma maneira ou de outra, é gasto de dinheiro público,  mas só que tem que ser informada a verdade à população. Não podemos envolver uma situação de grandeza do Internacional em mesquinharias políticas cometidas pela Administração Popular.

Aproveito este espaço para falar de uma ação encaminhada por este Vereador, com a Direção do “Sport Club Internacional”, com o Governo do Estado, solicitando ao Governo do Estado para que pudesse mediar, intermediar essa relação ruim que existe entre o Internacional e a Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Como o Governo pode fazer isso? Através de áreas que o Governo do Estado tem em Porto Alegre, áreas que são de interesse da Prefeitura. E se dispõe o Governo do Estado - apesar de o Vice-Prefeito ter dito que isso é ilegal, outro desconhecimento do Vice-Prefeito - a permutar com a Prefeitura áreas em Porto Alegre. Evidentemente que essa área do Parque Gigante em momento algum foi solicitada pelo Internacional - área irregular. O Internacional quer e reconhece publicamente áreas irregulares aqui, que ocupa desde 69, e, realmente, são da Prefeitura. Essas áreas o Internacional quer, com a ajuda do Governo do Estado, para que haja essa intermediação, para que haja a permuta do Município com o Estado. Depois o Internacional vai negociar diretamente com o Estado para tentar regularizar a sua parte.

O Governo do Estado mostrou-se extremamente sensível e já elencou diversas áreas suas no Município de Porto Alegre que poderia colocar numa discussão. E a Prefeitura, de uma maneira insensível, já disse que não quer conversar, até porque a lei das licitações não permite uma doação. Ora, Vice-Prefeito Fortunati, no mínimo, informe-se mais. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra para uma Comunicação de Liderança.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Exmo. Sr. Presidente, Srs. Vereadores. O Ver. Fernando Záchia trouxe, aqui, uma demonstração de operância da Prefeitura. Eu trago, aqui, uma prova de inoperância da Prefeitura. É com bastante relutância que faço isso, porque acho isso um desaforo, um desacato a um Vereador como eu. Pois acreditem que, há cerca de um ano e, ultimamente, há seis meses, eu venho solicitando que o Secretário dos Transportes, através de Luís Carlos Bertotto,  saísse da Secretaria no momento em que estavam sendo constituídas as Secretarias. Impediram-me que fizesse esse pronunciamento - e eu sentava atrás, com muita honra, do Ver. Guilherme Barbosa.  Eu não tenho nenhum interesse pessoal, é apenas interesse da Cidade. Esta Avenida Loureiro da Silva tem a enfeitá-la um canteiro central que vem morrer neste monumento ao nada, que é este trem que não faz coisa alguma. Pois bem: no desembocar dos carros que vêm do bairro para o Centro, eles se avolumam nesta entrada que  temos  em direção ao Ministério da Fazenda e à Câmara propriamente dita. Basta que se faça apenas uma remodelação deste canteiro, sem tirar uma árvore, um poste. V. Exa. sabe, “embaixador”, que exaustivamente eu tenho pedido isso. Pois, desaforadamente, a Prefeitura não faz. Já me comuniquei com o Vice-Prefeito José Fortunati, já levei o Secretário Bertotto ao local duas vezes, e não sai! E os automóveis se aglomeram, se congestionam neste terrível desembocar para a Câmara de Vereadores e para o prédio do  Ministério  da Fazenda, quase que impedindo o trânsito da Loureiro da Silva. Não tenho interesse algum pessoal, apenas quero ver solucionado este problema para a Cidade. Pois o PT, que está na Prefeitura, é indiferente a isso. Basta que se faça a eliminação de um cotovelo de calçada do canteiro central e desaparece o problema. Duas fileiras de carros ficarão em coluna para entrar aqui na Câmara ou seguir em direção aos bairros. Com essa medida desaparece o problema. Mas a Prefeitura não faz.  Exaustivamente, há um ano, venho pedindo isso. Não tenho interesse pessoal  nenhum nisso. Nem bairro meu é. Será que bairro eu tenho? Eu não tenho bairro coisa nenhuma, pois os meus eleitores são avulsos. O PT não faz. O que há? Então, eu me sinto mal porque, quando venho em direção à Câmara, eu noto que os automóveis se aglomeram impedindo o trânsito na Loureiro da Silva. Há um ano eu peço isso! Eu sou capaz de fazer sozinho isso. Claro que com a Cidade. Eu desbastava esse canteiro central. Não existe uma árvore, meus Senhores. Não tem um poste. Não tem nada. É só tirar terra e paralelepípedo, e o PT não faz. A Prefeitura não faz. O que há? Silêncio.  É na verdade uma afronta. Eles tornaram isso aí um problema de Estado. Por que não fazem? Eu já estou cansado de pedir isso. Já me comuniquei através de dois telegráficos - um para o Secretário Luís Bertotto, reclamando e fazendo ver a ele que o processo está andando da SMAM para a SMOV, da SMOV sei lá para onde, e não sai.

Senhores, eu acho que isso é desaforo, pois um Vereador que está mostrando ao Prefeito que há um problema de congestionamento na Cidade - a Sua Senhoria sabe, “embaixador”, que comumente faço isso - deve ser ouvido. Quando ando pelas ruas da Cidade - e acho que é obrigação de todo o Vereador, ao ver um buraco, avisar a Prefeitura - e vejo um buraco, comunico à Prefeitura.  Aqui, na entrada da minha Casa, eu tenho um problema que considero uma afronta e peço aos Senhores que meditem sobre isso. É a entrada da nossa Câmara! E os carros se aglomeram e congestiona-se o trânsito da  Loureiro da Silva e quase impede o trânsito. Eu o aponto como um problema de solução rápida - seis meses,  depois da minha veemente  reprovação ao Secretário Bertotto, porque acho que ele não tem condições de ser Secretário. Um homem que não resolve isso não resolve nada. Há um ano e meio falo isto. Ele não tem interesse em solucionar os problemas da Cidade.  É com tristeza que faço essa intervenção. Não é  meu costume. É desinteressada e  é voltada para o bem da Cidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra em tempo de Liderança.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores.  O Diário Oficial  de Porto Alegre de hoje estampa na sua capa: “A Prefeitura  entra com recurso para cassar a liminar do Internacional; quer implantar no local um complexo esportivo com cinco campos de futebol, ‘playgrounds’ e vestiários”. Na mesma intensidade, informa direto do Gabinete do Prefeito de Porto Alegre. Publicação da Coordenação de Comunicação Social diz que a Prefeitura vai implantar um complexo esportivo na área de quatro hectares, localizado no Parque Gigante. A obra deverá iniciar-se no segundo semestre deste ano e o seu custo é de, aproximadamente, 383 mil reais. Comunico que esta obra não começará mais no segundo  semestre e o custo terá que ser recalculado. A leviandade, a competência e, mais do que isso, a má-fé desta publicação envolve especialmente a informação de que a obra foi embargada porque não possuía nenhum amparo legal. Ainda que tivesse, o Internacional cometeria um outro erro: não ingressou com projeto técnico ou produziu Relatório de Impacto Ambiental, dois procedimentos básicos exigidos para qualquer obra. Esse é um desserviço que essa publicação fornece, especialmente com uma série de mentiras publicadas quando se compara - como acertou o Ver. Fernando Záchia - com as informações dadas pelo Secretário Burmeister de que para as obras do Projeto Hermes era desnecessário o Relatório de Impacto Ambiental. Daí o crédito maior do Secretário Burmeister, que confessou honestamente que não havia cumprido o art. 23, pois encaminhava apenas ao Conselho Municipal os pleitos de investimento na Cidade, não mandando para as associações de bairros, que não têm nada a ver com essa Comissão Municipal do Plano Diretor. Essa duplicidade de postura tem que ser explicada oficialmente pela Prefeitura.

Sr. Presidente, peço-lhe que seja colocada nos Anais a nota de repúdio assinada pelo Presidente do Conselho Deliberativo do “Sport Club Internacional” em relação a essa truculência, essa violência, essa  irracionalidade que hoje foi totalmente repelida pela Justiça, sendo devolvida a posse ao Internacional até o julgamento do mérito, que é longo. E a Prefeitura, se tivesse algum documento registrado em cartório, não poderia fazê-lo, tanto que alguns cartórios rejeitaram o registro das certidões. Um deles aceitou e pôs como sendo da Prefeitura Municipal. Esse cartório não podia ter feito isso. Está errado. E quem regulamenta isso é a União Federal. Isso já foi feito através de decreto; tem áreas ainda a serem regulamentadas. O DNOS tinha toda a procuração, todo o direito e todo o domínio da área e poderia fazer o que ele quisesse dessa área. Então, foi descabida, despropositada, infeliz a atitude do Secretário Municipal de Obras e Viação, Sr. Estilac Xavier, e a do Secretário Municipal do Meio Ambiente, Sr. Hideraldo Caron, que, infelizmente, ocupam esses cargos sem ter condições de ocupá-los, porque não podem tratar com essa violência esse tipo de assunto, dizendo apenas “cumpri ordens”. É como dizia aquele condenado de Nuremberg: “I've just carried order” - “eu apenas cumpri ordens”. É um sentimento de depressão muito grande de termos, na Capital do Estado do Rio Grande do Sul, esta capital maravilhosa, e que não merece, esse tipo de Prefeito e de Secretários que fizeram isto. Muito obrigado.

      

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. JOÃO DIB (Requerimento):  Sr. Presidente, eu não vou requerer  a V.Exa., mas ao Plenário. No saguão está um casal extraordinário, convidados meus: o Sr. Rubens e a D. Odila. Solicito que sejam trazidos para este Plenário e para que sejam saudados pelo Ver. Adeli Sell.

 

O SR. PRESIDENTE: Foi designado, também pelo Ver. João Dib, o Ver. Adeli Sell para fazer uma rápida saudação.

 

O SR.  ADELI SELL: Meu caro Presidente, D. Odila, Sr. Rubens, é com grande prazer que recebo esta indicação para saudá-los nesta tarde. Como bem diz a D. Odila, esta é uma Casa de trabalho. Eu e seu filho Clovis, que viemos de outras cidades, adotamos e fomos adotados por esta Cidade e trabalhamos pela construção da cidadania de todos aqueles que moram nesta Capital. A Senhora e o Senhor, que são pais deste nosso colega maravilhoso, que é o Clovis Ilgenfritz, que mantém o rigor e a disciplina nesta Casa, nos dão a alegria de poderem, hoje, compartilhar conosco esta tarde de trabalho. Portanto, levem daqui, de Porto Alegre para Ijuí, não apenas este convívio importante com o seu filho, mas, também, esse convívio com todos os Vereadores de Porto Alegre. Tenham a certeza de que nós, junto com o Clovis, vamos honrar aquilo que, tenho a certeza, o Sr. Rubens já o fez como Prefeito de Ijuí, como a D. Odila, que tem feito incessantemente, trabalhando cada vez mais para buscar o bem-estar social e a fraternidade entre as pessoas. Muito obrigado.(Palmas.) 

 

(Não revisto pelo orador.)

O SR. RUBENS ILGENFRITZ: Há muitos anos morei na Rua Demétrio Ribeiro, bem no começo, onde existia o Clube de Regatas Almirante Tamandaré. Há coisas que acontecem na vida que a gente não esquece. Uma ocasião fui pescar, dobrei um alfinete, arrumei umas minhocas e fui lá para a beira d'água. Não consegui pescar nada, é claro! Voltei e vi que tinha uma frigideira com banha, esperando os temperos para temperar os peixes. Nunca chorei tanto na minha vida como aquela vez.

 

A SRA. ODILA ILGENFRITZ: É claro, pescar com alfinete! (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): O pai e a mãe queriam conhecer, em especial, aquele que tem sido um comunicador permanente com eles, que é o Ver. João Dib, que deu presentes agora, no Dia das Mães, nas bodas de 60 anos de casados, que comemoramos com a família, as quais dizem que é Bodas de Diamante - alguns podem dizer que é de dinamite. É algo muito difícil de acontecer. Queria agradecer, sensibilizado, por essa homenagem a eles, que não estavam com boas condições de saúde, mas mesmo assim vieram. Eu, em nome da nossa turma, agradeço muito. O Ver. Isaac Ainhorn assume a Presidência.

Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 15h01min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn) (às 15h03min): Estão reabertos os trabalhos.

Vamos conceder um tempo especial, já deferido pelo Presidente da Casa, Ver. Clovis Ilgenfritz,  ao Ver. Luiz Braz, que vai falar em seu nome, em nome da Vera. Clênia Maranhão e do Ver. Luiz Fernando Záchia, sobre uma visita que fizeram à zona do Cristal. Solicitaram o tempo, que,  pela relevância do tema,  foi concedido.

 

O SR. JOSÉ VALDIR (Questão de Ordem): Uma visita ao Cristal é relevante por quê?

 

O SR. PRESIDENTE: Este Presidente não entrou no mérito do deferimento, eis que já havia sido solicitado anteriormente e deferido pelo Presidente da Casa.

Solicito que o Ver. Reginaldo Pujol assuma a Presidência dos trabalhos.

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. Luiz Braz está com a palavra.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, uma pergunta que foi feita ao Presidente da Mesa, e que faço questão de responder, é qual a relevância do assunto que nós estamos trazendo aqui a esta tribuna. Eu digo a todos os Vereadores que a vida de seiscentas famílias representa alguma coisa para esta Câmara. O assunto que estamos trazendo a esta tribuna é relevante. Por iniciativa própria, este Vereador, juntamente com o Ver. Záchia e a Vera. Clênia Maranhão, esteve visitando a região de onde serão retiradas essas famílias para serem levadas para outras regiões da Cidade ou para uma outra região da Cidade. Primeiramente, devo dizer que o primeiro medo que sentimos, como Vereadores, foi de chegarmos àquela região e encontrarmos aquelas famílias após uma noite toda de chuva. Nós fomos na terça-feira e achamos que encontraríamos uma região totalmente alagada, mas encontramos a região molhada pela água, não empossada, não com casas submersas, não com pessoas correndo riscos, mas com pessoas preocupadas com o seu destino. O que nós, Vereadores, ouvimos daqueles moradores? Nenhum morador daquele local ainda tem certeza absolutamente de nada. Eles não sabem ainda para onde serão transferidos porque a comissão que fala por aqueles moradores ainda não aceitou nenhum tópico das negociações que foram feitas. Quais são os tópicos? Até agora, aqueles que negociam em nome da Prefeitura  ou em nome daquela empresa responsável pelo “shopping” estão oferecendo para aqueles moradores terrenos com testada de três metros e meio e os moradores estão exigindo - veja só, Ver. Pedro Américo Leal, eles não exigem muito -, eles estão exigindo que a testada seja de quatro metros. Imaginem os Senhores um  terreno cuja testada é apenas de quatro metros ! É o que querem os moradores. Aquela empresa que está negociando, através da Prefeitura, para a transferência dos moradores está oferecendo apenas um terreno com  três metros e meio, três metros e cinqüenta e cinco, diz o Ver. João Dib.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: É menos que uma baliza de futebol. Só para ter uma idéia de grandeza.

 

O SR. LUIZ BRAZ: É verdade. Imaginem para onde eles serão levados, Ver. Pedro Américo Leal! Não tem lugar para que quatrocentas famílias possam morar. Não existe. Sabem quantas famílias são? São seiscentas famílias. Então eles pediram que um outro local próximo possa ser adquirido. Isso foi negado pela empresa que fala em nome da Prefeitura. Eles não têm para onde ir, o terreno que eles querem não foi cedido para eles. E eu respondo, Ver. José Valdir: seiscentas famílias, na verdade, correm o perigo de serem despejadas ou brutalmente transferidas para um outro local sem que até agora nada possa ter sido feito por esta Câmara. O que eu estou querendo com essa visita que eu, a Vera. Clênia e o Ver. Záchia fizemos ao local é chamar a atenção desta Câmara para esse problema que é grave. Eu tenho certeza de que aqui não tem um só Vereador que seja contrário ao erguimento do “Shopping” Cristal, mas é claro que não podemos cometer este crime de permitir que seja erguido sob o martírio de seiscentas famílias. É isso que queremos evitar. Se nada disso é importante, se essas coisas todas não são importantes, se para nós, aqui desta Casa, apenas o fato de o “shopping” aparecer naquela zona da Cidade é importante, aí, realmente, este Vereador não tem nada que fazer nesta tribuna e o que estou falando aqui não tem nenhuma importância. Agora, se para nós, Vereadores, que somos representantes do conjunto da sociedade, seiscentas famílias têm importância, se a vida, o destino dessas seiscentas famílias tem alguma importância, então, o que este Vereador está falando aqui, em nome desses três Vereadores que visitaram aquela região, é muito importante. Se não bastasse isso, tem uma escola na região. Alguém sabe que tem uma escola na região? Uma escola para mais de seiscentas crianças! Essa escola seria transferida para esse novo local, no Jardim Urubatã. Eu não estou nem falando da contrariedade do pessoal do Jardim Urubatã e nem da infra-estrutura, que não existe. Estou falando apenas que uma escola será transferida para lá. Agora, imaginem V. Exas.: com todos os moradores que serão transferidos para aquela área, nós teremos, então, problemas de escola para boa parte daquelas crianças que ali estão. E, se não bastasse isso, não apenas aquelas crianças freqüentam esta escola, que é municipal, mas existem outras crianças das regiões periféricas dali que também freqüentam aquela mesma escola. Então, nós temos aqui um outro problema, que não podemos deixar de resolver antes de aprovarmos aqui aquele projeto que muda o zoneamento urbano daquela região.

Então, eu acho que, por lógica e até por respeito à sociedade que nós representamos, nós temos que aprovar a Comissão Especial  pedida pelo Ver. João Dib. Vamos fazer,  nessa Comissão Especial, uma nova visita àquela região. Vamos ouvir as pessoas que moram lá, “in loco”. Nós não vamos ouvir nem representantes do PTB, nem do PPB, nem do PMDB. Nós vamos ouvir os representantes, os moradores da região, aqueles que formam a comissão, que está apavorada com o destino daquelas seiscentas famílias. Vamos, através desta Comissão Especial pedida pelo Ver. João Dib, lá ver o problema, que é muito mais grave do que o que foi relatado aqui. Eles estão indignados - e essa indignação foi transmitida para nós, que fomos visitá-los - com as afirmativas de alguns Vereadores da Bancada governista que dizem que aqueles moradores têm que ser transferidos de lá porque aquela região alaga. Imaginem! O pessoal dizia para nós: “Vocês estão vendo alguma poça d'água, alguma região alagada, alguma casa sob águas?”. E tinha chovido uma noite toda. E fomos lá na terça pela manhã e naquela madrugada havia chovido muito. Então, estou ouvindo Vereadores que não conhecem a região dizerem coisas que não são verdadeiras. Então, vamos lá para ouvir esses moradores, para legislar da forma mais correta sem prejudicarmos ninguém, causando benefícios àquelas pessoas sem prejudicarmos outras. E faço esse relato porque sei que o projeto está para ser votado e não podemos fazer isso antes, pelo menos, de verificar o que acontece de real naquela região. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. JOSÉ VALDIR (Requerimento): Sr. Presidente, primeiro requeiro que a  Mesa me esclareça qual é a interpretação correta do art. 94, parágrafo 1º, alínea “f”, do Regimento. E, segundo, gostaria de saber se “ameaça de despejo” e “realização de despejo” é motivo de relevância como está previsto no Regimento.

 

O SR PRESIDENTE: Na condição de Presidente eventual, recebo o Requerimento de V.Exa., pedindo que o reduza a termo para que eu o encaminhe à Mesa para que decida.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Para deixar bem claro, são três questões.

 

O SR. PRESIDENTE: Seria possível o Senhor reduzir a termo?                                                               

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sim.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gerson Almeida está com a palavra em Comunicação de Liderança.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Acho que, de fato, temos que começar a discutir a natureza dos assuntos e dos tempos especiais porque, caso contrário, inclusive questões que têm comissões e encaminhamentos que estão sendo decididos acabam e vamos utilizar o tempo especial de tal maneira que vai servir a qualquer propósito. Acho que  todas as questões da Casa devem ser reguladas pelo Regimento para que todos possam usufruir de uma única maneira, com critério único. Caso contrário, vamos começar a estabelecer critérios diferenciados. Em relação ao que os Vereadores Fernando Záchia e Cláudio Sebenelo colocaram sobre o Internacional, a questão está na Justiça. A Justiça deu uma liminar correta na medida em que havia controvérsia, e a liminar é para que, antes de os fatos serem consumados, possa ser dirimida a dúvida. É o que está em curso. Parece-me que vamos aguardar que isso aconteça. É meio delicado começarmos a estabelecer critérios diferenciados com liminares, derrubar ou não. O porquê sabemos muito bem. Há pouco tempo atrás, tivemos uma discussão quanto a um processo dos municipários em relação à Prefeitura, onde decisões preliminares viraram decisões de mérito, criando uma expectativa infundada para os milhares de trabalhadores municipais. Eu não sei. Gostaria de poder exercer o direito de usar o tempo de Liderança sem ouvir. . .

 

O SR. PRESIDENTE: V. Exa. será compensado em um minuto no seu período, dadas as intervenções anti-regimentais. Pedimos a colaboração do Plenário. (Após outras intervenções anti-regimentais.) V. Exa. terá, além dos dois minutos e 33 segundos, mais um minuto.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Obrigado, Sr. Presidente. Sobre violência, os jornais hoje estampam uma fantástica violência que - interessante - em nenhum momento foi caracterizada como leviana, em nenhum momento foi caracterizada como nojenta e odiosa: a violência que, mais uma vez, a polícia subordinada, ou melhor, insubordinada ao Governador Mário Covas praticou ao assassinar moradores, ocupantes de uma área, de uma maneira vil e covarde. Isso não indigna mais Vereadores do PSDB, do partido do Governador Mário Covas. A violência que motiva discursos virulentos nesta Casa é aquela em que o Poder Público Municipal cumpre suas obrigações de preservar áreas públicas, o que, agora, está na Justiça. Eu vou me eximir de falar sobre o tema enquanto a questão estiver na Justiça.

Para mim não há nenhuma controvérsia sobre o tema. Agora, vir à tribuna e usar termos que se tornam cada vez mais chulos...  Há um ou outro Vereador que, cada vez mais, usa termos chulos, destrata autoridades públicas de forma jocosa. Temos que ter cuidado com isso, porque o Secretário Estilac Xavier e o Secretário Hideraldo Caron  são pessoas da mais alta dignidade e competência, até porque não são neófitos na atividade de gerenciar a Cidade de Porto Alegre. Eles são Secretários consagrados, consagrados pelo voto popular que, pela terceira vez, elegeu uma administração da qual eles foram Secretários em outros momentos.

Sr. Presidente, eu gostaria que me fosse garantido o tempo de Liderança e não vou tolerar que determinados Vereadores, como o Ver. Cláudio Sebenelo, comecem a ter posturas cada vez menos adequadas e que usem, na tribuna, termos jocosos contra dirigentes públicos, que impedem que um Vereador da Cidade use a tribuna. Eu ouvi, silenciosamente, todas as bobagens que disse desta tribuna.

 

O SR. PRESIDENTE: V.Exa. está usando a tribuna livremente. Nós já lhe concedemos mais um minuto, porque V. Exa. foi anti-regimentalmente interrompido. Nós não podemos zelar por todas as manifestações que, fora do microfone, sejam  feitas. Peço, também, a V.Exa. que não agrave esta situação

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Eu entendo. A Mesa está plenamente correta e gostaria que, pelo menos, nós tivéssemos um grau de civilidade para que as réplicas fossem ouvidas de uma forma adequada. Portanto, me parece que “leviandade” e outros termos desta ordem não cabem neste caso. O EIA-RIMA tem sido, agora, objeto de  disputa política para tudo que é projeto, mesmo para aqueles em que não cabe EIA-RIMA. O Ver. Fernando Záchia fez uma crítica, que eu não concordo, mas dentro dos padrões adequados disse que o EIA-RIMA é necessário para qualquer obra. É claro que a Prefeitura agiu certo, porque está se tratando da beira do rio e para qualquer obra naquela área, Vereador. Não está dito isso no texto. Então, o texto é falho. Mas é natural que, no contexto em que está colocado o argumento, ele só pode se dirigir a questões da beira do rio. Naquela área, sim, é preciso fazer os estudos de impacto ambiental. Então, V.Exa. pegou muito bem uma lacuna do texto, mas, colocado no seu contexto, ele é dirimido pelo menos no que toca a isso. As demais questões -  V.Exa. colocou bem - são questões em que há controvérsias e devem ser tratadas.

Eu só gostaria, mesmo com a dureza e dificuldade do debate, que,  por favor, preservássemos a honradez dos dirigentes públicos e de todos nós e tratássemos das questões de conteúdo político e não começássemos, aqui, a desqualificar dirigentes públicos da mais alta honorabilidade, reconhecida pela população de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra o Ver. João Carlos Nedel para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Ver. Pedro Américo Leal e eu somos dois homens privilegiados porque temos como nossa Liderança o Ver. João Dib, que sempre nos dá exemplos de conciliação, de paz e de saúde. Estou aqui, hoje, cumprindo essa orientação, esse exemplo, para cumprimentar e elogiar dois projetos de lei de Vereadores do Partido dos Trabalhadores dentro desse espírito de conciliação e harmonia que o nosso Líder Dib  ensina a mim e ao Ver. Pedro Américo Leal. Trata-se do Projeto de Lei de autoria do Vereador licenciado e hoje Secretário da Saúde, Henrique Fontana, desarquivado a pedido do nosso Ver. Renato Guimarães, que trata da denominação de um logradouro público e que institui o nome da grande cidadã Elizabeth Sangoi, falecida há um ano ou dois anos atrás. Conheci a Elizabeth e sei do seu grande valor. Portanto, esse Projeto de Lei merece o apoio e o respeito desta Câmara. Parabéns aos dois Vereadores que tiveram essa grande iniciativa.

O segundo Projeto é o de nº 054/97, de autoria do Ver. Hélio Corbellini, que institui, cria em Porto Alegre o balanço social das empresas. O balanço social é um sistema de informação destinado a que as empresas informem os benefícios sociais que oferecem aos seus empregados e à sociedade. É um sistema de informações há muito tempo defendido pela Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas - a ADCE - em nível nacional, que vem lutando há anos para que esse instituto seja aplicado. E agora vemos, com muita satisfação, o ilustre Ver. Hélio Corbellini trazer essa oportunidade a Porto Alegre. É um Projeto inteligente, é um Projeto muito importante, que devemos apoiar, debater e ajustar a alguma realidade. Eu me permito, até, utilizar o argumento do ilustre Ver. Hélio Corbellini, que diz que “nos países desenvolvidos de economia de mercado, cada vez mais as empresas introduzem variáveis sociais aos seus critérios de gestão e desenvolvimento. Não é mais aceitável somente produzir com qualidade a um preço justo. Há, cada vez mais, a necessidade de demonstrar à sociedade desses países que produção não se faz às custas da pureza do seu ar, do desmatamento e da dignidade dos seus habitantes, da mesma forma como não se constrói uma economia sólida e um país desenvolvido sem que os empresários assumam voluntariamente a sua responsabilidade social com as cidades onde atuam”.

 Cumprimento o ilustre Ver. Hélio Corbellini por sua magnífica iniciativa, e este Projeto merece aplausos  desta Câmara. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: O  Ver. Renato Guimarães está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em primeiro lugar, solicitei o desarquivamento do Projeto do Ver. Henrique Fontana que trata da denominação de logradouro público colocando o nome da companheira Beth Sangoi numa rua na Lomba do Pinheiro. Gostaria de destacar que, por solicitação do Movimento em Defesa da Vida, fizemos esse desarquivamento. Esse Movimento está acompanhando o Projeto dentro da Casa. Por solicitação do Ver. João Carlos Nedel, foi-nos solicitado que fizéssemos contato com a família e também com o Movimento para que se fizesse uma emenda chamando a rua de Elizabeth Sangoi e não Beth, por solicitação da família. Nós passamos a solicitação ao Movimento em Defesa da Vida, que está tratando do assunto.

Gostaria de destacar, nesta intervenção, a iniciativa do Executivo Municipal, que traz à Casa, para a aprovação, a questão das AEIS. Lista aqui várias AEIS. Gostaria de colocar que, no meu ponto de vista, a Casa estará dando uma grande contribuição à Cidade de Porto Alegre no momento em que aprovar essa lei que regulariza essas áreas  especiais de interesse social. Por quê? Porque sabemos que existe um grande entrave para a regularização fundiária dessas áreas. Sabemos que a necessidade de transformar essas áreas em áreas especiais é um grande passo que se dá para regularizá-las. E esta Casa tem esse compromisso. Há regiões, como a do Mato Sampaio, na Grande Bom Jesus, N.S. de Fátima, Metralhadora, Mapa 1, Mapa 2, Valneri Antunes - que leva o nome de um ex-Vereador desta Casa, combativo -, Brasília, Vila Santa Anita, Jardim Laranjeiras e uma quantidade de outras vilas, que necessitam da aprovação desse Projeto de Lei das AEIS para que possam ver atendida uma reivindicação de muitos e muitos anos, que é permitir que essas famílias que moram nesses locais tenham seus terrenos regularizados.

Gostaria de destacar que esse debate que se faz da regularização fundiária nas AEIS, em Porto Alegre, é um debate que está ligado à questão da moradia. Estamos vendo transcorrer trágicos episódios relacionados à questão da moradia. Temos o que aconteceu, ontem, em São Paulo. Certamente, governo nenhum quer promover o tipo de desocupação que ocorreu em São Paulo e que provocou três vítimas fatais. Se nós não tratarmos a questão da moradia com mais seriedade, só vai restar o conflito, e ninguém - acredito eu - quer isso, mas é o que vai terminar acontecendo.

Quero registrar que amanhã de manhã está marcada uma reintegração de posse, em Porto Alegre, de mais de duzentas e cinqüenta famílias da Vila Nazaré. Essa área vai ser desapropriada para o Aeroporto Salgado Filho para fins de sua ampliação. Há quinze dias, a Brigada Militar colocou quatrocentos soldados naquele local para fazer a reintegração de posse. Ela foi suspensa naquele dia, mas está marcada para amanhã de manhã. Eu convido os Vereadores desta Casa, os trinta e três, para estarem lá e não deixarem que aconteça lá o que ocorreu ontem em São Paulo. Não queremos esse tipo de saída para o problema da habitação. As autoridades públicas devem discutir saídas para o problema de habitação, mas não pode ser, de forma nenhuma, com o uso da força. Não pode ser usada a força para que seja feita a reintegração de posse. Amanhã, lá na Vila Nazaré, está marcada a reintegração de posse daquela área.

Nós buscamos, inúmeras vezes, contato com a Secretaria de Assuntos Metropolitanos, do Governo do Estado, com o Sr. Edir Oliveira, e não fomos ouvidos. Não fomos atendidos lá. Pedimos a eles que estudassem o assunto e que não deixassem que a reintegração de posse fosse levada ao seu final. Não fomos ouvidos na Casa Civil e nem na Secretaria de Assuntos Metropolitanos. Agora, dependendo do que acontecer amanhã, teremos que apurar responsabilidades. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cyro Martini está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Traz - me a esta tribuna o propósito de proporcionar matéria para meditação e  reflexão acerca de um Projeto do nobre, esclarecido, competente e dedicado Ver. Reginaldo Pujol, ora no exercício da Presidência. Falo do PLL nº 74/97, que dispõe sobre demarcação de faixa de estacionamento livre para carga e descarga em frente às bancas de jornais. No seu art. 1º, “fica estabelecida a demarcação de uma faixa para a carga e descarga em frente às bancas de jornais e revistas”. Repito: seria um estacionamento privilegiado, exclusivo para as bancas de jornais e revistas. O parágrafo único do art. 1° diz: “A faixa livre demarcada torna proibido o estacionamento de qualquer veículo que não seja para carga e descarga da respectiva banca de jornais e revistas”. Para  entendermos melhor a proposta, temos que nos valer da Exposição de Motivos, que diz: “O propósito deste Projeto de Lei é de fazer com que a bancas de jornais e revistas tenham um local reservado  temporariamente para carga e descarga. É comum a carga e descarga  nas bancas de revistas engarrafarem completamente o trânsito de ruas e avenidas”. Palavras da Exposição de Motivos. “A demarcação de um local para estacionamento - relâmpago vai permitir uma melhor fluição do trânsito.” Parece, em princípio, um privilégio, uma concessão inocente. Alguém até poderia entendê-la justa. Todavia, não o é. Evidente que, por se tratar de um benefício exclusivo para as bancas de revistas e jornais, ela é reprovável. Não podemos aceitá-la; temos que condená-la. Mas a carga e descarga é, sem dúvida, um problema que preocupa, e muito, nas avenidas e no Centro de Porto Alegre. São inúmeras as pessoas que procuram descarregar mercadorias não apenas para bancas de revistas, mas para estabelecimentos em geral. Lembro-me, por exemplo, dos entregadores de pedaços de vidros, que têm de parar longe do local de entrega e, com isso, criam-se dificuldades em avenidas como a Protásio Alves, Bento Gonçalves, Cristóvão Colombo ou qualquer avenida antiga, cuja largura é restrita, sem condições. Onde há o corredor exclusivo de ônibus, as faixas para ir se reduzem a duas e para vir também a duas. Havendo estacionamento em uma delas, fica apenas uma faixa para transitar.

Embora pareça inocente, a proposição do nobre Ver. Reginaldo Pujol - como todas as proposições do Vereador, segundo ele, correta - merece a nossa reprovação, pois, se vamos privilegiar estacionamentos, vamos ter dificuldades ainda maiores para o trânsito e não apenas aquelas apontadas pelo Ver. Pedro Américo Leal. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Estando presente no Plenário o 1º Vice-Presidente, Ver. Isaac Ainhorn, convido S. Exa. para que assuma a Presidência dos trabalhos.

O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ADELI SELL:  Sr. Presidente, Srs. Vereadores,  estou tendo, hoje, a oportunidade de discutir um Projeto de minha própria autoria, que institui a Feira do Disco em Porto Alegre. Quero dizer que essa idéia não é nada original, até  porque tenho conhecimento de que muitas pessoas já levantaram essa idéia e tomaram iniciativas  nesse sentido. Mas acredito que, ao colocar aqui para esta Câmara a instituição de uma Feira do Disco em Porto Alegre, estou contribuindo para a divulgação da cultura do nosso povo de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul, até porque já contribuímos com nomes expressivos na área da música em nível nacional. Proponho que possamos ter, já no ano que vem, durante a Semana de Porto Alegre, na Praça da Alfândega, onde há 37 anos existe uma Feira do Livro, agora uma Feira do Disco em moldes semelhantes: nos produtos que forem comercializados, 20% de desconto. Para isso já tenho a concordância da SMIC.

 

O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.)  Nobre Ver. Adeli Sell, V. Exa. tem o meu aplauso, o meu estímulo e todo o meu apoio para uma idéia que é realmente sua. Nesta Casa eu não tinha ouvido, nenhuma vez, alguém pretender fazer a Feira do Disco. A idéia é sua.

 

O SR. ADELI SELL: Agradeço a V. Exa. pelo aparte. Fico muito honrado com o seu apoio e quero fazer um apelo a todos Vereadores para que dêem uma olhada atenta neste nosso Projeto, porque, além de comercializar discos, material fonográfico, pautas musicais, livros sobre música, pretendemos que ali haja uma banca de integração do MERCOSUL e uma banca para produtores independentes. Vamos  ter todo o cuidado para, além do apoio do Poder Público - já conversamos com duas Secretarias, a Secretaria Municipal de Cultura, que já tem uma coordenação da música, e a Secretaria Municipal do Comércio, que trata da comercialização -, ter uma parceria com a iniciativa privada. Por isso, enviamos a nossa proposta a todos os lojistas que trabalham na área da música e do disco na Capital. Certamente, de alguns não temos o endereço e, por isso, não fizemos o contato. Então, gostaríamos que os colegas Vereadores contribuíssem conosco para que pudéssemos instituir, desde já, na tramitação desse Projeto na Câmara, relações com a iniciativa privada para que ela possa, para o ano que vem, com força total, fazer com que a Feira do Disco inicie com o mesmo brilho que tem a nossa gloriosa Feira do Livro. É preciso, nesse sentido, um grande apoio da iniciativa privada porque, caso contrário, o Poder Público não tem capacidade, por si só, de instituir a Feira do Disco. É preciso que haja vontade e determinação do lojista e de todos que tratam da música e do disco em nossa Cidade para fazer essa feira. Já possuo apoio de alguns segmentos que já se pronunciaram, mandando fax, telefonando. Creio que, com a divulgação do nosso Projeto, possamos, no ano que vem, ter a Feira do Disco em Porto Alegre. Eu pretendo que a Feira do Disco seja um marco na cultura da nossa Cidade, relacionando-a à Semana de Porto Alegre, introduzindo, cada vez mais, Porto Alegre em um projeto de turismo cultural, atraindo pessoas, como já temos atraído com o “Porto Alegre em Cena” e outros investimentos e atividades da Prefeitura ou, como acontece sob a responsabilidade da Câmara do Livro, durante a Feira do Livro. Só não proponho a responsabilidade para um órgão vinculado diretamente à música ou disco porque, infelizmente, eles não possuem uma Câmara ou um órgão que represente a todos.

Portanto, a Prefeitura, democraticamente, ouvirá esses segmentos e dará conta do recado. Muito obrigado.        

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 2678/96 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 159/96, de autoria do Ver. Airto Ferronato, que denomina Av. Ricardo Leônidas um logradouro irregular localizado no Parque Industrial da Restinga. Com Emendas nº 01. (desarquivamento a requerimento do Ver. João Carlos Nedel)

 

Pareceres

- da CCJ. Relator Ver. Reginaldo Pujol: pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01;

- da CUTHAB. Relator Ver. Lauro Hagemann: pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01;

- da CECE . Relator Ver. Antonio Hohlfeldt: pela aprovação do Projeto e da Emenda n° 01.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 159/96. (Pausa.) Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Em votação a Emenda nº 01, de autoria do Ver. Lauro Hagemann. Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO NOMINAL

 

PROC. 0250/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº002/97, de autoria da Vera. Maria do Rosário, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao economista e dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), Senhor João Pedro Stédile.

 

Pareceres

- da CCJ. Relator Ver. Nereu D’Ávila: pela aprovação do Projeto;

- da CECE. Relator Ver. Carlos Garcia: pela aprovação do Projeto.

 

Observações:

- para aprovação, voto favorável de dois terços dos membros da CMPA, nos termos do art. 82,  § 2º, IV, da LOM;

- votação nominal nos termos do Art. 174, II, do Regimento da CMPA.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão. Está com a palavra o Ver. João Dib para discutir.

 

O SR. JOÃO DIB:  Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Não conheço a figura que ora se pretende homenagear: Sr. João Pedro Stédile. Não o conheço e isso já se torna alguma coisa problemática porque, se ele tivesse feito algo por Porto Alegre, eu o conheceria.

Quando do encaminhamento da proposição da nobre Vera. Maria do Rosário, eu assinei contra, mas favorável à tramitação, porque não sou eu que devo impedir a tramitação de tal Projeto. Na Comissão de Constituição e Justiça votei contrariamente ao Projeto apresentado e o fiz porque a figura que ora se pretende homenagear não se enquadra na legislação que criou o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre, que foi instituído e “será concedido às pessoas que se tenham distinguido em qualquer ramo do saber humano ou que, por sua ação, se hajam tornado merecedores do reconhecimento da Cidade”.

Não sou eu que, não conhecendo a figura, por certo honrada e digna, do Sr. João Pedro Stédile, afirma que ele não tem vínculos com Porto Alegre. É ele mesmo que assim afirma, quando, se dirigindo à Vereadora, ele diz: “aceito, muito honrado, receber a homenagem proposta por V. Sa. a essa Casa legislativa, agraciando-me com o título de Cidadão Porto-alegrense. Sendo natural de Lagoa Vermelha, interior gaúcho, morei durante cinco anos em Porto Alegre, quando cursava Economia na PUC”. “Morei cinco anos em Porto Alegre, quando cursava Economia na PUC.” Parece ser tudo o que o nosso pretendido a ser homenageado tem de vinculação com Porto Alegre.

“Transformar-me em cidadão porto-alegrense, mais do que um envaidecimento pessoal,  será, certamente, uma homenagem a todos os gaúchos não porto-alegrenses de nascimento que lutam por justiça social e por reforma agrária. Tenho certeza de  que cada militante do MST se sentirá igualmente agraciado, e a eles dedicarei esta eventual distinção. Muito obrigado por sua homenagem e empenho pessoal e coloco-me à disposição para quaisquer outras informações.”

A primeira vez que esse ofício foi encaminhado à Vera. Maria do Rosário, vindo de São Paulo, nem ao menos o Sr. João Pedro Stédile havia assinado. Alguém por ele assinou, e eu, pedindo vistas na Comissão de Justiça, não aceitei a assinatura por procuração.

Eu nada tenho contra o Sr. João Pedro Stédile, mas não vejo onde ele se enquadra na lei que criou o título de Cidadão Honorário de Porto Alegre. Por isso votei contrariamente na Comissão de Justiça, porque não tem enquadramento na Lei, e vou votar contrariamente no Plenário. Estou discutindo a matéria. Não estou encaminhando a matéria, porque a minha Bancada vai agir da maneira que entender melhor, sem nenhuma preocupação. Agora, esta carta do Sr. João Pedro Stédile diz que ele não se enquadra na Lei que criou o título de Cidadão de Porto Alegre, que, aliás, é uma lei que eu vou fazer a modificação da mesma, até porque diz aqui na Lei que a medalha a ser conferida ao cidadão é de ouro, e não dourada, e o diploma é um pergaminho, e não um diploma impresso da forma que está sendo feito. Então, há de ser modificada a Lei e até, talvez, de forma mais esclarecedora para saber quem tem ou não tem direito a esta homenagem.

Devo insistir: nada sei, nada tenho contra o Sr. João Pedro Stédile, mas também não tenho nada, por conhecer Porto Alegre como eu conheço, que me diga que ele tenha prestado serviços relevantes a Porto Alegre ou tenha se destacado por seus conhecimentos de ciência. E eu, tristemente, vou votar contrariamente a alguém que não pediu para ser homenageado. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. O título de Cidadão de Porto Alegre, bem como o título de Cidadão Emérito, tem sido concedido no curso de vários anos a pessoas que, a juízo dos Vereadores, tenham de alguma forma colaborado e participado dentro daquilo que faz com que a pessoa passe a ser merecedora do reconhecimento da Cidade. Eu já votei aqui o título de Cidadão Emérito de Porto Alegre e Cidadão de Porto Alegre para o grande estadista mundial Nelson Mandela. Ele nunca veio a Porto Alegre, mas é evidente que há um reconhecimento internacional à figura de um homem que tentaram apodrecer anos nos cárceres da África do Sul, mas não conseguiram. Há alguns dias, o Presidente desta Casa, que é o autor do título de Cidadão Emérito, surpreendeu-se com o fato de que ele já tinha o título de Cidadão Emérito concedido pelo Ver. Lauro Hagemann. Vamos deixar claro que é um título de reconhecimento político a uma figura que se distingue nacional ou internacionalmente. Foi de uma grandeza esta Casa, que teve a sensibilidade de fazer um reconhecimento a esse homem público internacional que achava-se preso na África do Sul!

Eu quero reconhecer a sensibilidade que esta Casa tem. Há alguns dias eu levei ao Presidente da Casa um pleito que entendia ser da Mesa Diretora da Casa pela grandeza da instituição. Levei ao Presidente, com uma Mesa pluripartidária, com a presença de dois Vereadores do PT, um do PSB, um do PDT, um do PTB e um do PFL, talvez até mais próximo desse pensamento, eu levei uma proposta no sentido de que prestássemos uma homenagem à FARSUL e que ela deveria ser uma proposta da Mesa Diretora. Não tive dúvida em obter o apoio de todos os Vereadores da Mesa Diretora da Casa para prestar uma homenagem à FARSUL. O Ver. Clovis Ilgenfritz firmou e assumiu a homenagem, o Ver. Paulo Brum, o Ver. Guilherme Barbosa, o Ver. Carlos Garcia, o Ver. Reginaldo Pujol, todos os Vereadores, porque a FARSUL, nos seus 70 anos, se constitui numa instituição do Estado e ela tem um confronto, é claro que tem, hoje, com a visão do Movimento dos Sem-Terra. Mas a  Casa - e tenho reafirmado nas minhas intervenções - é uma Casa plural, e o Ver. Guilherme Barbosa pode pertencer a uma corrente mais radical dentro do PT, mas não se omitiu na assinatura em homenagear a FARSUL, o que revelou na figura do Ver. Guilherme Barbosa a grandeza e a sensibilidade de homem público. Então, nesse momento, quando a Vera. Maria do Rosário toma a iniciativa de homenagear o Líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra, João Pedro Stédile, eu, mesmo com eventuais divergências que posso ter com  essa Liderança, não posso me excluir, Ver. Pedro Américo Leal, de prestar esse reconhecimento e essa homenagem até porque, diga-se de passagem, é uma liderança que, pelo que tem se visto nas suas ações públicas, tem procurado dar, sobretudo, uma conotação pacifista ao movimento. Então, se ele está dando essa ótica, ele não partiu com uma ação de confronto nem de desestabilização das instituições políticas e jurídicas da Cidade, do Estado, do País. Portanto, há um reconhecimento. Hoje é “O Estadão”, é a Globo, que até, através de suas novelas, faz apologias do Movimento dos Sem-Terra, a despeito de muitos equívocos que, a meu juízo, já estão sendo praticados pelos companheiros do Movimento dos Sem-Terra. Mas isso é uma divergência que quero debater com os companheiros do MST, porque, em matéria de Movimento dos Sem-Terra, são os nossos Partidos que têm uma história de levantamento desse grande movimento social, que é o antigo Partido Trabalhista, na figura de duas extraordinárias pessoas públicas, Milton Ceres Rodrigues e Jair de Moura. Não quero entrar nessa discussão, mas o PTB, o PDT... e aqui tem figuras valorosas que estão, também, inseridas...

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador, seu tempo terminou. O Ver. Gerson Almeida se inscreve e cede seu tempo ao Ver. Isaac Ainhorn.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Então, o Movimento dos Sem-Terra é muito presente hoje de uma forma muito vigorosa no espectro da sociedade brasileira e não podemos ignorá-lo. O que acho é que a política da reforma agrária e da ocupação de terras devem ser coordenadas pelos Municípios, até porque, na minha visão e pelo que conheço do setor, mostra que as áreas municipais têm conhecimento de quem são aqueles trabalhadores sem terra que buscam o seu espaço social, o seu espaço para produzir e desenvolver uma atividade produtiva. Porque só faremos essa reforma agrária  com a ocupação dessas terras, sim, e com o reconhecimento do Estado com a concessão dessas terras e, a meu juízo, não dando títulos de propriedade a aventureiros, o que vai ser evitado através de uma ação coordenada pelos Municípios, que conhecem mais diretamente a correlação dos setores que realmente estão identificados com a comunidade e estão arraigados. E cito os casos que conheço, como o de Santo Antônio das Missões, de São Borja, de Itacurubi, de Sabará, na fronteira oeste, áreas essas que, se fossem coordenadas pelos Prefeitos, eles dariam as terras exatamente para aqueles  que têm não só experiência, mas cidadãos que têm experiência no processo produtivo da terra e que só não produzem porque estão alijados do processo econômico de produção. Portanto, quero dizer que, neste debate, não só defendo a votação, mas, mesmo que tivesse divergências, é uma iniciativa de natureza política e que vou reconhecer. Assim como as divergências que possa ter o Ver. Guilherme Barbosa, eventualmente, com a FARSUL,  ele não deixou de assinar o Requerimento de uma homenagem aos 70 anos da FARSUL. Está na moda neste País, infelizmente, retirar assinaturas de documentos. Isso está se assistindo lá, em Brasília. Mas tenho certeza de que não é o feitio, neste momento, do Ver. Guilherme Barbosa, e ninguém vai fazer provocações nesse sentido que vão levá-lo a essa situação, porque ele já mostrou sua sensibilidade ao firmar o documento, quando, na segunda-feira, estaremos homenageando a FARSUL, que teve o seu ato de inauguração solene no ano de 1927, no Teatro São Pedro, com a presença do então Presidente do Estado do Rio Grande do Sul, Dr. Borges de Medeiros. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador. )

 

O SR. PRESIDENTE: Requerimento de autoria do Ver. Gerson Almeida, solicitando seja adiada a discussão do PLL nº 02/97 por duas Sessões.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Desculpe-me, Sr. Presidente. Nesta Casa, as inscrições que estão feitas sempre foram respeitadas. Portanto, pediria que as inscrições feitas anteriormente fossem respeitadas.

 

O SR. PRESIDENTE: Eu entendi que V.Exa. queria que fosse assegurado o seu tempo.

 

O SR LUIZ BRAZ: E sempre se votam os adiamentos após aqueles Vereadores que fizeram inscrições terem usado seu tempo. V.Exa não pode passar por cima do direito dos Vereadores que já têm suas inscrições.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra para discutir.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu vou solicitar ao Líder da Bancada petista que retire o seu Requerimento de adiamento porque nós temos Vereadores em número suficiente hoje, aqui, para votarmos esta proposta da Vera. Maria do Rosário.

Embora não conhecendo a figura de João Pedro Stédile, eu digo a V.Exa. que jamais poderia votar contrariamente a uma proposta de qualquer Vereador desta Casa que destaque um nome para ser homenageado dentro de um determinado ano. Todos nós, Vereadores, temos este direito de escolher um nome para ser homenageado. Da mesma forma, agora, como alguns Vereadores podem julgar que João Pedro Stédile não tenha condições suficientes para ser homenageado de acordo com os termos da legislação, também os nomes que nós apresentarmos futuramente poderão ser julgados, porque aqui nós temos correntes ideológicas diferentes formando esta Casa. De repente, eu apresento um nome que eu acredito que seja importante para a Cidade, mas uma outra Bancada, até porque pensa de uma maneira diferente, porque ideologicamente está colocada de maneira diferente, vai rejeitar o nome que eu sugerir. Eu acho que nós temos que ser respeitados dentro daquilo que nós representamos na Cidade. Cada um de nós representa um segmento na Cidade. Para o segmento que é representado pela Vera. Maria do Rosário, é importante que este nome do João Pedro Stédile seja homenageado. Nós temos que respeitar esse direito da Vereadora. Assim como nós já apresentamos outros nomes, recebemos, também, o apoio dos outros Vereadores, muito embora, muitas vezes, os outros Vereadores não conhecessem o nome o qual nós estávamos apresentando para ser homenageado, que, para nós, era um nome importante. Esta questão do Título Honorífico  é uma questão muito subjetiva. Nós lidamos, aqui, com subjetividades: “Não vou votar porque este cidadão pertence  ao Movimento dos Sem-Terra e eu não estou de acordo com o Movimento dos Sem-Terra”. Eu acho que cometeria um erro porque, por exemplo, mais tarde, o Ver. Isaac Ainhorn apresentaria um nome ligado à FARSUL e a Bancada do PT resolveria  não  votar, também, porque é contrária ao nome.

 

O Sr. Gerson Almeida: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Caro Ver. Luiz Braz, quero dizer que estou de acordo com o caráter da sua intervenção. Agora, gostaria de justificar a solicitação de adiamento das Sessões. Isso aconteceu pelo fato de a Vereadora proponente estar em licença de saúde hoje.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Como existe um número suficiente de Vereadores no Plenário, não vejo motivos para que adiemos.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Quero cumprimentar V.Exa. pela sensibilidade da manifestação, porque V.Exa. é um dos Vereadores mais antigos nesta Casa. V.Exa. é Vereador nesta Casa desde o ano de l982 e já assistiu a muita coisa nesses quinze anos, entre elas, quando o voto era secreto e havia grande dificuldade de se obter os vinte e cinco votos: o PT começou a ter representação política mais plural, ou seja, mais de um Vereador, portanto, após o período em que o Ver. Antonio Hohlfeldt era o único Vereador aqui da Casa e o PT votava, muitas vezes, contra o Cidadão de Porto Alegre. Mas os tempos mudam. Há um processo de amadurecimento e a gente observa que normalmente o PT tem tido a sensibilidade de votar, nessas circuntâncias, o nome de rua, nome de Cidadão de Porto Alegre, não questionando. Desde que seja figura respeitável, independentemente do campo ideológico em que esteja presente, eles não negam o seu voto. Não me pediram para advogar em defesa do PT, mas gostaria de fazer este registro porque é um reconhecimento e até porque passou a época em que apresentei um projeto que deu o nome ao Arquivo Histórico de Moisés Vellinho e a Administração, à época, vetou o nome de Moisés Vellinho para o Arquivo Histórico. Para bem da Cidade, do Estado e do País, o PT evolui consideravelmente. 

 

O SR. LUIZ BRAZ: Por esse motivo, Sr. Presidente, eu havia solicitado a V.Exa. para que nós não votássemos o Requerimento, até porque não via a necessidade de fazermos o adiamento do Projeto. Acho que podemos votar o Projeto hoje porque se trata de um projeto normal que pode ser apresentado por qualquer Vereador desta Casa e é um respeito que temos para com a linha ideológica que cada um resolve seguir. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação Requerimento de autoria do Ver. Gerson Almeida, solicitando seja adiada a discussão do PLL nº 02/97 por duas Sessões. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 0946/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 036/97, de autoria do Ver. Fernando Záchia, que denomina Rua Bento Ribeiro o logradouro irregular conhecido como “C UM”, localizado na Vila Nova Brasília, Bairro Sarandi.

 

Pareceres

- da CCJ. Relator Ver. Cyro Martini: pela aprovação do Projeto;

- da CUTHAB. Relator Ver. Paulo Brum: pela aprovação do Projeto;

- da CECE. Relatora Vera. Clênia Maranhão: pela aprovação do Projeto.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 036/97. (Pausa.) Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 0947/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 037/97, de autoria do Ver. Fernando Záchia, que denomina Rua Pedro dos Santos Sá o logradouro irregular conhecido como Rua “K”, localizado na Vila Nova Brasília, Bairro Sarandi.

 

Pareceres

- da CCJ. Relator Ver. Juarez Pinheiro : pela aprovação do Projeto;

- da CUTHAB. Relator Ver. Antônio Losada: pela aprovação do Projeto;

- da CECE. Relator Ver. Eliseu Sabino: pela aprovação do Projeto;

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 037/97. (Pausa.) Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.(Pausa.) APROVADO.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 0948/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº038/97, de autoria do Ver. Fernando Záchia, que denomina Rua José Mendes o logradouro irregular conhecido como Rua “J”, localizado na Vila Nova Brasília, Bairro Sarandi.

 

Pareceres

- da CCJ. Relator Ver. Elói Guimarães: pela aprovação do Projeto;

- da CUTHAB. Relator Ver. Lauro Hagemann: pela aprovação do Projeto;

- da CECE. Relatora Vera. Clênia Maranhão: pela aprovação do Projeto.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 038/97. (Pausa.) Não havendo quem queira discutir, em votação.

O Ver. Fernando Záchia está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Ver. João Motta. O Projeto atende a uma solicitação dos moradores do Bairro Sarandi para homenagear um dos grandes artistas que esta terra já teve, marcou época com suas obras, suas músicas e participações em filmes. É importante o reconhecimento da Cidade de Porto Alegre à questão cultural, a artistas e músicos gaúchos.

Para a satisfação desta Casa, sua esposa, D. Isabel Mendes, está aqui prestigiando este momento, para a Câmara muito importante e, sem dúvida alguma, também para Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Adeli Sell está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Tenho a satisfação de encaminhar em nome da Bancada do PT, porque, tal qual já disse o Ver. Fernando Záchia, é questão de suma importância que a nossa Cidade denomine uma rua com o nome desse artista que, tragicamente, nos deixou há tantos anos, que foi uma marca no setor cultural do nosso Estado e que sempre deve ser lembrado, tendo seu nome em uma rua de nossa Capital.

Não precisamos falar muito porque, ao divulgarmos na Capital uma rua com o nome desse artista, desse cantor, desse compositor, tenho certeza de que a simples menção já é suficiente para que todos se lembrem da sua trajetória na música e na cultura do nosso Estado. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encerrados os encaminhamentos. Em votação o  PLL  nº 038/97. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 0949/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 039/97, de autoria do Ver. Fernando Záchia, que denomina Rua Francisco de Medeiros o logradouro irregular conhecido como Rua “C”, localizado na Vila Minuano, Bairro Sarandi.

 

Pareceres

- da CCJ. Relator Ver. Nereu D’Ávila: pela aprovação do Projeto;

- da CUTHAB. Relator Ver. Paulo Brum : pela aprovação do Projeto;

- da CECE. Relatora Vera. Clênia Maranhão: pela aprovação do Projeto.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 039/97. (Pausa.) Em votação.

O Ver. Fernando Záchia está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, falar de Francisco de Medeiros é uma satisfação muito grande para nós, peemedebistas. Estamos falando não só do ex-Vereador de Cachoeirinha, ex-Deputado Estadual - o Ver. João Dib pede para falarmos,  também,  em nome da Bancada do PPB, o que muito nos honra -, mas do gaiteiro, do querido gaiteiro, como todos o conheciam, não só pelos seus dotes artísticos mas, principalmente, pela sua condição humana. Foi uma pessoa que fez muito por este povo que não tem uma respresentatividade muito grande.

Andando por Cachoeirinha, andando pela Zona Norte da Cidade, sempre referem-se ao “Chico”, ao Francisco de Medeiros,  com carinho e saudade muito grande. Então, parece-me extremamente oportuno que fique registrada, em Porto Alegre, uma rua onde historicamente vai ficar marcada a sua existência: a Rua Francisco de Medeiros.

Na semana passada, foi inaugurada a ponte que liga Porto Alegre/ Cachoeirinha com o nome de Francisco de Medeiros, onde tragicamente faleceu. Não pude, infelizmente, comparecer ao ato, pois foi o dia da problemática do Internacional, mas o meu chefe de gabinete foi representar-me porque tínhamos uma relação muito boa, um carinho e respeito pelo Francisco de Medeiros.

Então, é muito importante que a nossa Cidade perpetue o nome de Francisco de  Medeiros ao homenageá-lo com uma rua de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o PLL nº 039/97. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade. Requerimentos.

Requerimento de autoria do Ver. João Motta, que solicita seja o PLE nº 20/97 considerado em regime de urgência e submetido à reunião conjunta das  Comissões.

Em votação. O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. É uma situação muito singular e “sui generis” que vai exigir uma modificação da Lei Orgânica. O Sr. Prefeito está praticando um ato que é, no estrito poder legal,  da condução dos trabalhos  da condição de Prefeito. O que acontece é que a Prefeitura foi  condenada, na Justiça do Trabalho, a pagar todos os direitos trabalhistas aos motoristas do DEMHAB que tinham carros locados.  Tudo bem, foram condenados e agora ela tem que recolher o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço na conta desses trabalhadores. O surpreendente, nessas situações, é que o Prefeito tem que comparecer à Câmara para pedir autorização para praticar um ato, que ele é obrigado  por dever legal, de requerer o parcelamento para não pagar numa parcela só, num valor só, o correspondente ao Fundo  de Garantia, Ver. Luiz Braz. Requerer um parcelamento, que é uma situação normal, se torna uma burocracia antológia, sem explicações e até um desaviso nosso, que fomos os redatores da Lei Orgânica, de não dispensar o Prefeito de certos atos como esse. Isso aqui é automático, e é mais automático ainda por força de uma decisão judicial. Talvez coisas que devessem passar, e existem muitas, pelo crivo da Casa, como mudanças de regime urbanístico, que podem ser praticadas sem a vinda para a Casa, mudanças que podem ser operadas pelo Chefe do Executivo... Ouvindo o Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano, podem-se conceder índices construtivos maiores que aqueles, até, previstos em lei. Isso não vem para cá, e era um assunto a ser examinado pela Câmara. No entanto, uma mera autorização para requerer o parcelamento de FGTS vem para esta Casa. Por isso, temos que nos desvencilhar dessa autorização o mais rápido possível para que o Sr. Prefeito possa firmar esse documento, até porque tem prazos legais para esse requerimento. O adiamento e a demora causam maiores prejuízos ao Município.

 

O Sr. Luiz Braz: V. Exa. permite um aparte?

 

O SR. ISAAC AINHORN: Eu estou em encaminhamento. É um Requerimento de pedido de urgência,  senão lhe concederia o aparte com muito prazer.

Nós temos que pensar nessas situações e reavaliarmos a Carta de 90 que nós elaboramos. A Carta de 88, feita na euforia, que acabou sendo elaborada com dezenas de corporativismos pressionando - algumas questões foram consagradas e coroadas -, também mereceu revisão. O tempo e a prática nos mostram quantas coisas devem ser reavaliadas em termos de Lei Orgânica na Cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

 (Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, saúdo o Ver. João Motta pelo seu Requerimento de urgência, e a minha Bancada vota favoravelmente. E saúdo S. Exa. o Sr. Prefeito Municipal por ter encaminhado este Projeto à Casa, eis que no passado, por exemplo, ele fez um financiamento com a Caixa Econômica Federal para comprar ilegalmente o edifício da Rua da Praia e não mandou para esta Casa. Eu tive que reclamar e, com tristeza, vi que levou muito tempo a comunicação para o Prefeito de que este Plenário entendeu que era ilegal a compra. Mas, nesse caso, o Prefeito está agindo com absoluta correção, porque é necessária a vinculação de receitas da Prefeitura porque não é um puro e simples impresso. Vincula receitas da Prefeitura Municipal que foram aprovadas na Câmara, no Orçamento, e, portanto, o Prefeito, com muita lisura, com muita correção, encaminha o Projeto à Câmara, que lhe deve dar a urgência necessária, sem dúvida nenhuma, porque estamos aqui para buscar soluções e não para criar problemas. A minha Bancada vota favoravelmente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Não havendo mais quem queira encaminhar, colocamos em votação. Os Srs. Vereadores que aprovam o Requerimento do Ver. João Motta permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

Requerimento do Ver. João Dib, solicitando renovação de votação do Requerimento de autoria do Ver. Gerson Almeida, que solicita seja o PLCE nº 02/97 considerado em regime de urgência e submetido à reunião conjunta das Comissões.

Em votação. O Ver. João Dib está com a palavra para encaminhar o Requerimento de renovação de votação.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, na segunda-feira, foi votada matéria para a qual agora se pede renovação de votação e colheu de surpresa  todos os Vereadores. Inicialmente, foi aprovada por unanimidade, sem que tivesse ocorrido qualquer encaminhamento, qualquer discussão em cima do problema proposto pelo Líder do Partido dos Trabalhadores. Na verdade, tenho profundas dúvidas - tanto que encaminhei à Comissão de Justiça o Requerimento - de que essa matéria pudesse ter sido votada e que possa ser votada, porque, antes dela, há um Requerimento deste Vereador, em cima do mesmo processo, pedindo para que se faça uma Comissão Especial para analisá-lo. Enquanto esse Requerimento não for decidido, outro requerimento - entende este Vereador - não pode ser votado. Mas, por precaução, para que as coisas sejam feitas com seriedade e serenidade, pedi renovação de votação. Devo dizer, desde logo, que o Projeto que está em discussão a mim não assusta em nada. É simplesmente o estabelecimento de regime urbanístico, mas as conseqüências vêm depois e deveriam ter vindo juntamente, já que o Executivo gastou o dinheiro do povo de Porto Alegre para dizer que estava tudo resolvido e sem isenção, sem facilidades. E as facilidades estão lá, no outro Projeto. As dificuldades que nós vamos encontrar para resolver, estão no outro Projeto. Este Projeto, para ser analisado pela Câmara, não precisava nem falar no “Shopping” Cristal; ele não precisava nem gastar o dinheiro que gastou nos jornais da Cidade dizendo que era sem isenção, como fizeram com a GM. Agora, eles vão ter que gemer, também, porque não foi correto. O CONAR, aquele organismo que fiscaliza a publicidade em rádio, jornais e televisões, não aprovaria essa mentira do Executivo Municipal, que deu a entender que não deu nada, mas está dando até alterações do Plano Diretor. Naqueles três metros e cinqüenta e cinco, Ver. Luiz Braz, dos terrenos. Aquilo o DEMHAB  pode fazer, mas a iniciativa privada não pode, não está escrito na lei! Então, esse outro é que nós temos que analisar bem. Este aqui não tem importância. O regime urbanístico não importa, não é o que vai alterar. Se não aprovarmos o outro Projeto, a transação sem isenção, sem favores, sem publicidade, não se realizará. Portanto, não estou muito preocupado. Agora, lei é lei e tem que ser cumprida, tem que ser respeitada e tem que ser clara. O Requerimento de formação de uma Comissão entrou muito antes, quinze dias antes do pedido de urgência. A Mesa não poderia ter colocado em votação a urgência enquanto não decidisse o outro Requerimento. É o que acontece aqui diariamente. O Ver. "João dos Anzóis" pede alteração na ordem de votação. Primeiro,  vai-se votar a Ordem do Dia, depois, a Pauta. Aí, um outro Vereador faz outro Requerimento semelhante. Não: primeiro, tem que votar um; não pode votar o segundo enquanto não votar o primeiro. Então, eu penso que a Mesa tinha que ter muito mais cuidado, muito mais atenção e muito mais serenidade para colocar em votação, e não deixar acontecer o que houve na segunda-feira, que pegou de surpresa a todos e obrigou o Presidente a pedir verificação de votação. Mas aí ninguém podia falar, já não deu mais por unanimidade. Considero o pedido de renovação correto, mas mais correto é reconhecer que esse pedido não poderia ter sido votado, porque havia um antes dele, com o mesmo sentido, que mereceria a atenção de todos os Vereadores, na forma que diz o Regimento e a Lei Orgânica. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Ver. João Dib, é tão correta a afirmação de V.Exa. de que nós não poderíamos nem ao menos ter votado a urgência antes de votarmos aqui aquela Comissão Especial para formarmos e verificarmos todas as irregularidades ou não sobre esse Projeto, que, na visita que fizemos na área de onde sairão as pessoas por causa da construção do  “Shopping” Cristal, nós ouvimos da comissão responsável  por discutir o destino daquelas pessoas o seguinte: o Jockey Club ganhou, ou está ganhando em todo o processo, cerca de 170 milhões de reais, e a Prefeitura, que tem uma área privilegiada no local, vai ficar com cerca de 40 milhões de reais. A pergunta que fazem os moradores da região e o pessoal responsável por discutir o destino dos moradores é esta: por que o Jockey Club vai faturar um quinhão três vezes maior do que a Prefeitura, que está oferecendo bem mais?

Eu não estou confirmando nem desmentindo essas contas. Elas não foram feitas por mim,  nem pelo Ver. Záchia, nem pela Vera. Clênia. Elas foram trazidas ao debate quando nós fizemos uma visita àquela área.

Esta Casa tem por obrigação verificar se os cálculos feitos são corretos ou não; se existem, por parte da Prefeitura, ganhos ou perdas. Se houver perda, de quanto será? Porque a perda da Prefeitura é a perda de recursos da população.

Eu considero altamente imoral esta Casa aprovar qualquer projeto vinculando à construção do “shopping” e à transferência daquelas pessoas não sei para onde - elas não tem, até agora, para onde ir -  sem, antes, uma comissão especial desta Casa dar o seu parecer a respeito da veracidade desses fatos, da oportunidade de votarmos esse Projeto, até para que possamos ser guardiões dos destinos das seiscentas famílias que ali estão.

Sem que ajamos assim nós não estaremos sendo os representantes da sociedade de Porto Alegre. Nós estaremos agindo como representantes de uma fatia desta sociedade que é representada por aqueles que querem o “shopping”, ou aqueles que estão erguendo o “shopping”.  Eu acredito, pelo menos até agora, que nós sejamos a representação de toda a sociedade e, inclusive, a representação daqueles que neste momento se vêem prejudicados. E representantes daquela sociedade que está pensando, pelo menos no momento, de acordo com os dados que eles têm, que estão perdendo muito dinheiro com o negócio. E por isso mesmo esta Câmara precisa, de todas as formas, de todas as maneiras, verificar se isso é correto, se há perdas ou não, se há corrupção ou não, se é oportuno ou não. E se aquelas pessoas vão ser prejudicadas ou, na verdade, não vão ser prejudicadas. Acho que isto é missão desta Câmara como representante da sociedade.

 E por isso mesmo temos que votar favoravelmente a essa renovação, mas não para votarmos o Projeto; quem sabe, para jogarmos o Projeto para a frente até que esta Comissão possa ter o seu trabalho assegurado. Muito obrigado.

 

 (Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Gerson Almeida para encaminhar pelo PT.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não é por ser democrático, ou qualquer outro argumento, porque a votação foi democraticamente feita e a vontade do Plenário foi expressa. No entanto, quero, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, fazer um encaminhamento favorável à renovação dessa votação porque queremos votá-la sexta-feira e reafirmar o voto  por um motivo muito simples: porque não pode pairar nenhuma dúvida quanto à lisura e ao encaminhamento deste debate sério que vai ter desdobramentos posteriores na Cidade e no debate político, até na própria Câmara, como os outros projetos que vão vir, e com toda a discussão que gira em torno desse assunto que já foi, inclusive, objeto de várias manifestações de Vereadores e comunidades. Esse é o primeiro motivo.

O segundo motivo é que, na Sessão passada, na votação da urgência, eu havia conversado com vários Vereadores informando que iria solicitar o pedido de urgência e pedindo seu apoio, entre os quais o Ver. João Carlos Nedel, que solicitou que não se votasse naquele dia, que se votasse na Sessão posterior, que seria esta, porque queria fazer uma discussão na sua Bancada. Eu me comprometi com isso. Nesse meio tempo, entrou em votação sem que eu tivesse previamente comunicado ao Ver. João Carlos Nedel, que foi o único Vereador com quem  havia discutido a questão de votar numa sessão posterior, porque com todos os demais havia conversado que iríamos votar naquele mesmo dia. Isso ocorreu sem que eu o tivesse informado de que aquela questão estava desfeita e rompida por discussão em Plenário. Por isso, sinto-me obrigado, até eticamente, a que refaçamos a votação para que, na sexta-feira que vem, possamos    votá-la e para que, mais uma vez, a vontade majoritária do Plenário se manifeste. Eu faço questão de proceder dessa maneira porque considero que as discussões, os acordos, as conversas em Plenário devem ser mantidas. Não concordo, por conseguinte, com o encaminhamento feito pelo Ver. Braz, que leva para uma possível postergação de outra ordem da votação. Nós já temos posição definida; consideramos que essa discussão sobre para  onde vai aquela pessoa deve ter seu foro próprio. Inclusive, talvez, com a constituição de uma comissão especial, se for essa a vontade de algum Vereador, mas no momento oportuno, porque o que se trata nessa votação é da mudança do regime urbanístico, condição necessária para que vários outros encaminhamentos, ainda preliminares, sejam feitos. Nesse sentido, por esses motivos, quero encaminhar a votação favorável ao Requerimento do Ver. João Dib. Faço, então, a solicitação de que renovemos a votação na sexta-feira e reafirmo, de parte de nossa Bancada pelo menos, o voto dado na segunda-feira. Muito obrigado.

 

 (Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Está encerrado o período de encaminhamentos. Em votação. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Requerimento, de autoria do Ver. Eliseu Sabino, solicitando seja realizada Sessão Solene para homenagear o Dia do Pastor, dia l2 de junho.

Em votação.(Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Requerimento, de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, solicitando Moção de Apoio a uma ampla inquirição no Congresso Nacional, com vistas a apurar as denúncias existentes sobre compra e venda de votos no processo de reeleição.

 

O SR. JOÃO MOTTA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, só para entender, eu não tive oportunidade de ler e de escutar essa matéria. O termo                    “inquirição” é um termo genérico, assim como uma “investigação” é um termo genérico. Eu faço a pergunta ao Ver. Antonio Hohlfeldt: se, sendo o termo “inquirição”,  está envolvida no caso, especificamente, a possibilidade de uma CPI.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Se o Congresso assim definir, sim, só que o Congresso não definiu.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação. O Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, esta Moção é uma das mais importantes que já foi votada aqui, neste Plenário, porque ela não se prende apenas àquele episódio acontecido em Brasília ou, até, que rotineiramente acontece em Brasília. Nós já vimos, Srs. Vereadores, esse episódio acontecer aqui mesmo dentro deste Plenário e com esta atual Administração

Eu vi e eu participei aqui de muitas votações em que alguns Vereadores da oposição - e eu não vou dizer quem - votaram desta ou daquela maneira porque era dado ou comprado o seu voto através de um projeto importante para esse Vereador ou uma obra importante para esse Vereador ou alguma coisa assim. Ou vamos ser tão hipócritas que vamos dizer que aqui neste Plenário não existe isso, que nunca aconteceu alguma coisa assim? Ou nós vamos dizer que a Bancada do PT sempre foi uma Bancada majoritária nesta Casa para aprovar tudo que sempre quis, ou aprovou o que sempre quis aqui nesta Casa mediante negociatas feitas com os outros Vereadores? Quem é hipócrita suficiente para dizer que essas negociatas sempre aconteceram aqui nesta Casa, e agora de uma maneira rasteira? Vejo algumas acusações e insinuações endereçadas unicamente para um setor da vida pública, como se isso nunca tivesse acontecido com essa Administração que está instalada aqui, no Palácio Municipal.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador, estamos assegurando o seu tempo. Srs. Vereadores, vamos fazer silêncio para ouvirmos o Vereador que está na tribuna.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Srs. Vereadores, vou perguntar aos Vereadores de oposição, e não só desta Legislatura, mas de todas as legislaturas de 89 para cá: qual foi o Vereador que recebeu uma obra do PT simplesmente por causa do seu trabalho? Quero perguntar e quero que haja respostas. Ou pergunto: essas obras ou esses projetos importantes recebidos pelos Vereadores de oposição de todas as legislaturas não foram, de alguma forma, uma compra de voto por parte dessa Administração que aí está? É uma acusação muito séria, é verdade. Mas essa acusação que é muito séria é uma realidade deste Legislativo. Não estou falando nenhuma mentira. Por isso essa Moção agora colocada neste Plenário para ser votada, pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, é extremamente importante, porque diz da corrupção desta Administração como também da corrupção da administração que está instalada em Brasília. Não estou falando apenas de um tipo de corrupção. Estou falando que a corrupção não é uma exclusividade do governo de Brasília. Ela está espraiada aqui nesta Administração e a maior prova disso são os projetos que votamos nesta Casa e que dão,  na verdade, uma ampla liberdade para que a Administração petista possa fazer e desfazer ao seu bel-prazer. Como se tivesse, por exemplo, cinco milhões de reais, no ano passado, para gastar com propaganda, enchendo, na verdade, os cofres da RBS de dinheiro. Será que esta oposição é tão cega, que deu cinco milhões para serem gastos por esta Administração petista no ano eleitoral simplesmente porque aqueles lá não entendem nada de política e estes aqui entendem tudo de política? O que será que aconteceu com esse voto? 

É claro que nessa Moção do Ver. Antonio Hohlfeldt eu voto, porque ela é muito importante e deve fazer com que os Vereadores desta Casa e os partidos instalados aqui, nesta Casa, também possam fazer uma reflexão muito profunda. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. JOÃO MOTTA (Questão de Ordem):  Sr. Presidente, continuo na dúvida. Quero saber se esse termo “averiguação” incluía a CPI,  porque a informação que se tem com relação a esses episódios do Congresso é de que os episódios estão traduzidos numa comissão de Sindicância.

 

O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): V.Exa. pode encaminhar por sua Bancada. A matéria é de mérito. O texto do Requerimento está firmado no teor das expressões empregadas pelo requerente e ele tem a faculdade ou não de esclarecê-las através da sua manifestação, prevista através do encaminhamento do Requerimento, porque a matéria envolve discussão de mérito e de clarificação e dá algumas idéias, inseridas no conteúdo do Requerimento. Só no mérito é que estas questões podem ser dirimidas, através do encaminhamento.

 

O SR. JOÃO MOTTA: Não é sobre o mérito, é sobre a forma.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador, a forma está expressa no Requerimento. A clarificação de mais elementos do Requerimento só se pode dar através da manifestação por encaminhamento do Requerimento do autor.

 A Mesa indaga se algum Vereador deseja mais algum esclarecimento. A rigor, a Mesa vai usar o mesmo princípio isonômico que usou com o Ver. Adeli Sell, da Bancada de V.Exa. Nós estamos no processo de votação de um Requerimento. Portanto, eu posso deferir a V.Exa., Ver. Gerson Almeida, o esclarecimento em relação ao Requerimento que está sendo votado.

 

O SR. GERSON ALMEIDA (Requerimento): Vai me ajudar a esclarecer se o Vereador, Líder do PTB, autor do Requerimento, liberar as notas taquigráficas do seu pronunciamento, até para ampliar  o meu encaminhamento, que farei posteriormente.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz faz um sinal que assente na concessão das notas taquigráficas. É isso, Ver. Luiz Braz?

 

O SR. LUIZ BRAZ: Exatamente.

 

O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra o Ver. Carlos Garcia para encaminhar.

 

O SR. CARLOS GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, lendo a proposição do Ver. Antonio, questionaria o seguinte: quando ele usa o termo  “amplo”, por que não propõe realmente algo amplo, por que não uma CPI? Já está tramitando uma Sindicância. Estamos em um passo menor e além disso gostaria de questionar o que o Ver. Luiz Braz colocou. Ver. Luiz Braz, esta é a minha primeira legislatura. Não concordo com tudo aquilo que V.Exa. falou. Gostaria que V.Exa. apontasse quem foi beneficiado aqui dentro. Da maneira como foi colocado, dá a entender que todos os trinta e três Vereadores foram beneficiados. É uma acusação muito séria e temos que ter cuidado com esse tipo de colocação, pois daqui a pouco vamos estar  em um processo de autofagia. Temos que zelar pela questão do Parlamento. Respeito a sua posição só quando V.Exa. fala, usando a sua verbosidade, dizendo “quem não fez?”. Eu não fiz. Isso eu quero registrar e gostaria que alguém dissesse que eu fiz. Faço esse desafio. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra o Ver. Nereu D'Ávila para encaminhar.

 

O SR. NEREU D'ÁVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, anteontem, lendo os jornais do Rio e São Paulo e analisando os fatos ocorridos em Brasília, faltando somente o esclarecimento sobre a autenticidade da fita - e hoje já sabemos que a fita é autêntica -, imaginávamos que, tendo em vista a força do Governo, a sua capacidade enorme de poder e persuasão, somente dois fatores podem fazer com que se realize aquilo que é o desejo de todos os homens e mulheres decentes deste País, que é uma Comissão Parlamentar de Inquérito para saber dos fatos verdadeiros que ocorreram a respeito da reeleição. Esses dois fatores são a imprensa e a opinião pública, no modesto entendimento deste Vereador. E ontem regozijei-me quando um dos principais jornais brasileiros, o “Jornal do Brasil”, tomou posição, através do editorial, dizendo que, se o Sr. Presidente da República pensa que não se instituindo a Comissão e esperando sentar o pó para ver como é que fica, se ele pensa que isso lhe trará benefícios - diz o “Jornal do Brasil”, em editorial -, equivoca-se o primeiro mandatário da Nação. Então, eu pensei: “está tomando posição o primeiro grande fator que muda a história do país - a imprensa”. Aí eu acho que o segundo - a opinião pública - deveria entrar em cena. E nós fazemos parte dessa opinião pública. Se pudéssemos colaborar como Câmara, como representação política forte de uma capital politizada e, tradicionalmente, junto dos grandes interesses da Nação, se nós pudéssemos colaborar, nós também aguçaríamos essa hora de decisão da História do Brasil, também dizendo que somos a favor de uma CPI para esclarecer “pari passu” o que está acontecendo. Um dos órgãos nacionais chegou a dizer que quando foi instalada a CPI dos Precatórios, como havia inimigos do regime, o regime permitiu a CPI, mas como agora são os seus amigos, inclusive Ministros, que estão sendo citados, que são porta-vozes da Presidência da República, ou seja, homens fortes da Nação, aí o Governo não quer a CPI, não interessa a CPI. Mas à opinião pública interessa. Pelo menos aquela que eu acho que é a opinião pública, que é a “voz  rouca das ruas”. Não a voz rouca que o Presidente invocou para, simplesmente, beneficiar-se com uma reeleição, em campanha sem desincompatibilização dele, dos Governadores e dos Prefeitos. Eu quero a “ voz rouca das ruas” manifestando-se por uma CPI isenta que veja se não é verdade que o Sr. Sérgio Motta está implicado. A CPI, assim, determinará para o resto dos dias desta Nação que um Ministro de Estado, o mais poderoso da Nação, não estava participando desse conluio podre, sujo, da compra de votos para a reeleição. Agora, se ele estiver implicado, assim como Collor, aplicar-se-ão as leis, assim como foram aplicadas naquele pilantra que hoje gasta o dinheiro não sei de quem nas paradisíacas planuras de Miami.

Esse linguajar de inquirição - diz ali ... Ora, a inquirição já está sendo feita. Inquisição, aliás, que hoje foi prejudicada com a renúncia dos Deputados aos seus mandatos. Outros pilantras, que fogem pela porta fácil da renúncia, para o ano que vem, novamente, através de três, quatro, cinco, seis mil votos, elerger-se-ão Deputados Federais para, novamente, praticarem falcatruas em Brasília.

Então, com todo o respeito ao Vereador Líder do PSDB, se sua intenção é ajudar a que a Nação tome o rumo neste momento de impasse em que estamos perplexos com tanta sujeira e podridão, creio que o termo está impreciso. Inquirição não é a nossa vontade, inquirição não é o desejo da opinião pública brasileira: a opinião pública brasileira deseja uma CPI real e peremptória para, finalmente, termos uma decisão a favor do povo, a favor da reeleição, e não compra de votos. Certamente, existem outros implicados. Somente  uma Comissão Parlamentar de Inquérito para distinguir o joio do trigo neste momento sério por que passam os destinos da nacionalidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O próximo orador inscrito para encaminhar é o Ver. Gerson Almeida, da Bancada do Partido dos Trabalhadores. Desiste. Vera. Clênia Maranhão. Desiste. Ver. Lauro Hagemann, que está com a palavra para encaminhar o Requerimento.

 

O SR. LAURO HAGEMANN:  Sr. Presidente e Srs. Vereadores. O nosso prezado colega Antonio Hohlfeldt, de longa legislatura nesta Casa, desde l983, tem dado aqui sobejas provas de acuidade política, de competência, de inteligência e se revela um político atualizado. Mas, neste caso, o Ver. Antonio Hohlfeldt comete quase que uma ofensa à inteligência desta Casa, tentando, num jogo de palavra, dizer que pretende uma inquirição ampla e irrestrita. Parece que essa inquirição já está em curso no Congresso Nacional através da Comissão de Sindicância. O que a sociedade brasileira está pedindo é uma Comissão Parlamentar de Inquérito com todas as implicações que isso traduz no Parlamento em qualquer circunstância.

 Na segunda-feira, participei, junto com Olívio Dutra, Beto Albuquerque, Sereno Chaise e fração do PC do B, de uma reunião onde os cinco partidos  de oposição emitiram uma nota  firmando a sua posição em favor de uma CPI, e eu não poderia trair essa reunião se viesse para cá concordar com a proposta que está sendo discutida nesta Casa.

Então, Srs. Vereadores, ou nós rejeitamos a proposta do Ver. Antonio Hohlfeldt por insuficiente, ou adendamos o Requerimento, dizendo que o que nós queremos é mais do que uma inquirição, é um levantamento total que só uma CPI pode  consubstanciar. E é nessa direção que eu coloco a minha posição e concito a Casa a que, como em tantas outras ocasiões, não se omita, também, neste processo que hoje é um clamor nacional. Houve fatos que corroboraram esta desconfiança. A primeira atitude que tomou o PFL foi expulsar os dois Deputados que, na época, pretensamente tinham participado do processo. Hoje, já se sabe que as vozes são autênticas e que, portanto, eles estão enquadrados num processo de exclusão do Congresso Nacional. Expurgo. O Ministro Sérgio Motta já foi escalado para passar os próximos trinta dias na Europa a fim de que diminua o impacto da sua participação nesse  processo, e outras figuras que ainda faltam ser reveladas, segundo o noticiário  que a gente está recebendo todos os dias. Realmente, a suprema Magistratura do País está num brete, como se diz vulgarmente aqui entre nós, porque enveredou por um caminho que a sociedade brasileira está a exigir uma explicação. O que antes era suposto hoje está se transformando em fato concreto pelas averiguações, pelas provas que estão sendo reveladas. Por isso, Srs. Vereadores, peço que se examine com todo o cuidado esse projeto do Requerimento do Ver. Antonio Hohlfeldt. Muito obrigado.

 

 (Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:  O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra para encaminhar pela Bancada do PPB.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL:  Excelentíssimo Sr. Presidente, por eu falar pela Bancada é que não vou ler o trabalho que fiz para pronunciar no Grande Expediente. Não tenho direito de falar pela Bancada, por isso não vou lê-lo, mas acho que os meus companheiros do PSDB estão numa situação muito difícil, a meu ver,  porque se torna insustentável o dilema que se projeta no Congresso Nacional. Já disse aqui desta tribuna que o Congresso está facilitando que uma ditadura civil se instale neste País. É um Congresso amorfo, sem opinião nacional; ia pertencer a esse Congresso. Fui candidato a Deputado Federal, perdi a eleição. Não queria pertencer a esse Congresso. Imaginem o nosso amigo Jarbas Lima, como eu muito me identifico  com ele,  como não deve estar em “palpos de aranha”  para se justificar!  Eu não posso entender como um parlamentar assina um documento  e  depois  recua. Eu  aqui  assinei  um  documeto - todos devem se lembrar - para solicitar alguma coisa sobre a Caixa Econômica Estadual e a CRT, e foram inúmeras as solicitações, até de meus filhos, que pediam que eu retirasse, porque tudo me aproxima do lado de lá. Não, o que nós esperamos é que a CPI seja instalada. É o mínimo que podemos pedir. E que os 257 votos venham em regime de urgência, caso contrário é apenas uma CPI jogada no Congresso, aguardando para entrar na fila das CPIs, esperando que elas terminem, que se elucidem os casos - e são bombásticos todos os casos de Brasília. Isso não convence a ninguém. Não é possível que se comprem votos para a reeleição. E parece que foram comprados. Como é que eu posso pronunciar “parece que foram comprados”? Só uma CPI pode me dizer que não foram e eu me retrate, porque nada está provado. É incrível que se contemple todo esse panorama e que nada se faça! Hoje em dia já existe um verbo, cuja conjugação é: eu “sérgio”, tu “sérgias”, ele “sérgia”, nós “sergiamos”, vós “sergiais”, eles “sérgiam”. É o verbo trazido pelo Sérgio, que é um homem grotesco, hilariante, trapalhão; é um PC, mal comparando, deste Governo. Eu acredito que Fernando Henrique Cardoso seja um homem correto. Sempre foi e não merece isso. Por isso ele precisa de uma CPI. Não podem travar a CPI. Ele deve ser o maior interessado em que essa CPI seja realizada, que ela viceje, que ela diga quem são os responsáveis e os culpados, e se houve falcatrua ou não.

É o que eu posso dizer pela minha Bancada sem ler esse documento, que eu espero ter a oportunidade de ler, mas em Grande Expediente. Hoje estou previsto em Grande Expediente, mas parece que não vou ter tempo para chegar. Então, em respeito a minha Bancada, eu não leio esse documento, porque esse documento é meu, de Pedro Américo Leal, de tudo que penso. Envelheço vendo esse País indo cada vez pior, e ainda dizem que a culpa é dos militares! Ora, tenham respeito. Que culpa temos nós? Profanamos uma, duas, três gerações? É a pergunta que eu faço. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Motta está com a palavra pelo Partido dos Trabalhadores.

 

O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vou apenas secundar as palavras aqui manifestadas na medida em que me parece que todas as falas foram absolutamente qualificadas e colocaram o devido termo sobre o assunto que está sendo debatido neste momento. E acho que não poderíamos ter outra expectativa em relação à Câmara Municipal de Porto Alegre frente a essa situação, se não tivesse a seriedade e a firmeza com que as Lideranças estão se manifestando dessa forma sobre esse tema.

Vou me valer, também, da imprensa, Ver. Nereu D'Ávila, que tem prestado, nesses últimos anos, um serviço incomparável e inquestionavelmente fundamental para que o processo de transição da política brasileira vergue no sentido democrático. A “Folha de São Paulo” e a própria “Zero Hora” têm dado um amplo destaque para essa matéria. Vou, evidentemente, pelo curto espaço, apenas ler uma parte de um dos editoriais da “Folha de São Paulo” de hoje, que tem sido um dos jornais de ponta na reivindicação que, praticamente, hoje ganha espaço em todos os setores da sociedade brasileira por uma investigação séria, exatamente para que essa transição - como disse o Ver. Pedro Américo Leal -, para que o Presidente da República, enquanto instituição política neste País, não seja completamente mergulhado por essas ondas de irresponsabilidade que, às vezes, assolam o Congresso Nacional. (Lê.) “Evitar uma CPI  sobre o escândalo do momento só aumentaria a coleção de casos mal - apurados ou apurados pela metade. Desta vez, com um agravante: a mancha da suspeita ficaria permanentemente pairando sobre a imagem e o mandato do próprio Presidente da República”. É isso que está em discussão. Portanto, é por isso, Ver. Antonio Hohlfeldt, que falou bem o Ver. Lauro Hagemann, se reagíssemos a uma investigação no Congresso - aliás, atitude correta tomada pelo Presidente da Câmara, Deputado Magalhães, que procurou ir negociando com todas as Bancadas para instalar uma Comissão para investigar o assunto. Nós sabemos a tensão que existe sobre a Comissão. Sabemos hoje da  denúncia de dois Deputados e do seu afastamento da Comissão, mas não é verdade que houve omissão por parte do Congresso. É preciso, na verdade - o Ver. Pedro Américo Leal tem razão -, saber se, neste momento, o País vai ter coragem de mergulhar no fundo da questão e resgatar a verdade, porque é a verdade que protege a democracia, é a verdade que faz com que essa transição vergue no sentido correto, no sentido que todos nós esperamos. E leio, Ver. Pedro Américo Leal, que alguns dos Deputados, inclusive, do vosso Partido, aqui, do Rio Grande do Sul, que, aliás, não poderiam ter tido outra atitude senão esta, já assinaram esta primeira lista que está sendo divulgada de 211 nomes que foram entregues hoje à Mesa do Congresso. Que Oxalá se consiga as 257! Falamos já no Deputado Jarbas Lima. Falo também do Deputado Adilson Mota, do Deputado Fetter Júnior, do Deputado Jair Soares e falo também do Deputado Júlio Redecker. Em homenagem, Ver. Luiz Braz, ao vosso pronunciamento, até porque lhe conheço há duas legislaturas, sei da importância do seu mandato na Cidade, sabemos da  importância da sua trajetória política na Cidade de Porto Alegre, mas considero  que o seu pronunciamento, nesta tarde, foi totalmente infeliz. Não é esse o Vereador com quem nós, da Bancada do Partido dos Trabalhadores, convivemos democraticamente e com quem, talvez, ainda possamos conviver por mais um período, coordenando os trabalhos desta Casa na condição de Presidente.

Ver. Luiz Braz, leio, no dia de hoje, um artigo do Dep. Vicente Cassioni, Deputado Federal do seu Partido, advogado e professor decano de Direito da Universidade Católica de Santos. Ele nos brinda com uma breve reflexão sobre a polêmica dos votos comprados  no Congresso. Neste momento, Ver. Luiz Braz, o perfil do parlamentar sério que nós queremos frente a esse debate é o perfil que o Dep. Vicente Cassioni, do seu Partido, está demonstrando à sociedade.

Nós precisamos ter a grandeza de saber o que é melhor para o nosso País, e não confundir as nossas eventuais divergências de Plenário sobre um projeto, colocando também isso na pauta como importante, mas, acima de tudo, aquilo que preside os interesses da Nação no caso da CPI ou não CPI, e, do Município, os projetos que tramitam nesta Câmara.

Este é um apelo que faço a V. Exa. em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores.

Concluo, Sr. Presidente, dizendo o seguinte: por todas essas razões, a atitude grandiosa que esta Câmara deveria assumir neste momento seria, de fato, aprovar uma moção de pressão sobre o Congresso para que se esclareça a fundo essa questão. Portanto, em defesa da CPI, porque investigação já existe, e a expectativa da sociedade é no sentido de que esses fatos venham a público. Se não, Ver. Pujol, V. Exa. vai ter razão: nós podemos estar diante de um novo caso PC Farias. Muito obrigado.

 

 (Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Clovis llgenfritz): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar pelo Partido da Frente Liberal.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a Casa do Povo de Porto Alegre - nem poderia ser diferente - está debruçada sobre o que, lamentavelmente, ocorre neste País abençoado por Deus, que tem, em alguns Estados da Federação, algumas práticas políticas que, seguramente, repelem os nossos conceitos éticos de gaúchos. O Ver. Antonio Hohlfeldt, Líder do Partido da Social Democracia Brasileira, acompanhado, inclusive, de Vereadores do PDT e de toda a Bancada do PSDB, requer Moção de Apoio a uma ampla inquirição formal no Congresso Nacional, com vistas a apurar as denúncias existentes contra Deputados Federais e um Ministro de Estado, envolvendo compra e venda de votos no episódio relativo à modificação da atual legislação sobre a reeleição de detentores de cargos no Executivo Federal e nos Executivos Estaduais e Municipais. Entende-se que toda e qualquer denúncia, sobretudo com a gravidade com que se coloca esta, deve ser, necessariamente, desvendada e considerada sob graves riscos e conseqüências negativas para a administração pública, o governo e a política como um todo. A data de 21 de maio, que me consta seja a data de hoje, marca inclusive um fato que considero, já, extremamente positivo. Quando assomei à tribuna, os integrantes da atuante Bancada do Partido dos Trabalhadores me lembravam que, entre os Deputados envolvidos, dois deles haviam sido sumariamente expulsos do Partido da Frente Liberal, que resolveu, inclusive, inverter um processo: expulsou, não lhes ofereceu o direito de defesa e os deixou em condições de ir buscar reparação do direito que, eventualmente, tivesse sido ferido. A juízo da direção nacional do meu Partido, era flagrante, insuscetível de dúvida o envolvimento nessas atividades ilícitas, criminosas, desses homens que, pela vontade do povo do Estado do Acre, se elegeram Deputados Federais. Tão certa foi essa não - comum deferição do meu Partido, que hoje, ao meio-dia, a imprensa brasileira já noticiava o fato de que os dois expulsos do PFL haviam renunciado aos mandatos de Deputado que vinham cumprindo, numa antecipação das medidas que, certamente, esse amplo levantamento que o Ver. Antonio Hohlfeldt quer apoiar vem  realizando na Câmara dos Deputados. Aí temos, pelo menos no que diz respeito àqueles cujo envolvimento é de tal sorte que não padecem dúvidas e faz com que um partido de formação liberal - sem oferecer direito de defesa- os exclua dos seus quadros por antecipação, dizendo que pode prescindir daqueles dois nomes que poderiam lhe ensejar uma posição majoritária no Congresso Nacional, mas, mesmo assim, abre mão desses dois, os quais, diga-se de passagem, não foram eleitos pelo Partido. Ingressaram no PFL porque se diziam defensores da liberdade e mostraram que eram defensores da liberdade de forma tão ampla, que negociaram até seus próprios votos.

 Quanto a essas figuras abjetas da política brasileira, os fatos por si só os estão colocando nos seus devidos lugares. Não podemos confundir uma realidade que é flagrante, lamentavelmente no norte do País, onde os métodos de ação política se confundem com métodos negociais, com a nossa ética política.

 Nesse sentido, Ver. Antonio Hohlfeldt, não posso deixar de vir à tribuna dizer que concordo com V. Exa.  Acho que, com freqüência, Ver. João Dib, a gente comete alguns equívocos  e depois se arrepende perante a história. Nós fomos aqueles que nos somamos naquele momento em que o Brasil, num gesto inédito da História Republicana, em todo o Universo, cassou o mandato do Presidente da República. Naquele momento pedíamos que se fizesse a vassourada total, mesmo que uma pessoa do Partido, com os quais não tenho grande vinculação, fosse o grande tribuno nessa cobrança, que é o hoje  Deputado Federal Jarbas Lima.

 Vamos limpar tudo. Agora estamos diante de um fato que temos que reprovar fortemente, mas não vamos permitir que a nossa reprovação a esses  atos insólitos, absolutamente aviltantes para a nossa cultura política de gaúchos,  que temos na ética um dos nossos objetivos, não vamos permitir que essas situações sejam apenas capas para que alguns  objetivos políticos sejam atingidos no Congresso Nacional. Não, vamos ficar com a proposta do Ver. Antonio Hohlfeldt:  medida ampla, geral, limpeza total, averiguação total. Não apenas uma manobrinha político - eleitoral para tirar algum dividendo em alguma posição eventualmente não bem defendida e não bem satisfeita. Vamos para o levantamento total, formal e absoluto. Vamos esclarecer tudo. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra como autor.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, confesso que fiquei surpreso com os encaminhamentos de  hoje, mas isso me convence de que ao contrário do final do discurso do Ver. Motta, que faz um apelo de que não devemos misturar as nossas paixões partidárias com as questões nacionais, o que se está fazendo é exatamente isso: ficar na oposição, na intransigência, na palavra de ordem fácil, simplória e simplista de simplesmente berrar por CPI e não querer, de  fato, fazer aquilo que tem que ser feito. CPIs o Congresso fez aos montes. E todos os dias vemos nos jornais que “deram em pizza”, Vereadores do PT, todas. A minha preocupação é de que até agora todos os discursos que ouvimos aqui se voltaram ao Presidente Fernando Henrique, como se não houvesse dois Governadores que são os grandes responsáveis pela manipulação e pela manobra. Só que não tem nada a ver com o Presidente. Talvez tenha a ver com seu Ministro. E é  isso que temos que descobrir. Enquanto fizermos uma CPI - e a oposição vai se esmerar nela - todo o Congresso Nacional vai ficar parado, todas as reformas vão ficar paradas, e  a oposição, com isso, dá um tiro e mata dois ao mesmo tempo: faz aquilo que mais lhe interessa, que é afetar o Presidente da República, e de soma leva ainda o trancamento de todo o encaminhamento dos projetos que se encontram na Pauta e que são fundamentais para o Estado brasileiro. É por isso que, indagado anti-regimentalmente pelo Ver. Motta, eu disse que a mim não incomoda nenhum pouquinho uma CPI. Agora, não quero entrar na etiqueta barata e simplória que virou palavra de ordem de quem não tem responsabilidade, porque o PT já tentou comparar Fernando Henrique com Collor, muitas vezes, e não conseguiu. E mesmo a mídia, que tenta, hoje, pedir a CPI - na palavra mais simples da mídia CPI é uma fórmula fácil de o público entender -, nem a mídia arrisca fazer essa comparação. O Ministro pode estar envolvido, e tanto pode estar que fiz questão de mencioná-lo no meu Requerimento. Certamente, Deputados estão envolvidos e certamente Governadores estão envolvidos. Agora, observem os Senhores que todos os discursos de encaminhamentos feitos aqui só falaram do Presidente da República. É isso que temo em relação a uma Comissão Parlamentar de Inquérito explicitada: que caiamos na etiqueta simples, simplória, que vai parar tudo, trancar tudo, desgastar tudo e, quem sabe, não dar em nada. Quando se fala a respeito de uma perquirição mais ampla, quero lembrar aos Vereadores de maior experiência que o Congresso pode encontrar outras fórmulas além de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para ir mais fundo, como nós aqui temos discutido outras fórmulas, outros caminhos, às vezes, para fazermos mais rápido chegar lá, onde nos interessa, como, por exemplo, a questão do Plano Diretor, que temos discutido eventualmente em outro tipo de comissão que não aquela tramitação normal, para reduzir, portanto, a questão de encaminhar-se a sério e profundamente. As indagações fundamentais apenas a uma Comissão Parlamentar de Inquérito é fazer um jogo de palavras que é simples, que fala imediatamente, com apelo à opinião pública, mas que vai resultar, talvez, numa imensa frustração, como resultou numa imensa frustração aquela Comissão Parlamentar de Inquérito para cassar Deputado corrupto. Cassou um ou dois, e não cassou nenhum corruptor. Se é isso que a oposição quer, que o faça. Sei que, enquanto fazíamos aqui os encaminhamentos, os Vereadores do PT já redigiram um outro requerimento pedindo CPI e recolheram assinaturas. Pois que façam. Agora, que fique registrado que, simplesmente, fechar a questão porque “se nós não pedimos, eles não podem pedir; nós queremos CPI, senão não queremos mais nada”, daqui a dois, três meses vamos ver o que teremos tido. Teremos tido uma CPI e teremos tido nada além da CPI. Muito obrigado.

 

 (Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quando da proposta da Vera. Maria do Rosário de dar o título de  Cidadão ao João Pedro Stédile, eu, contra o aconselhamento de alguns Vereadores, vou votar a favor porque essa pessoa tem um mérito imenso. Esse mérito se espalhou pelo Brasil e paira até sobre a Cidade de Porto Alegre. Ele é uma das pessoas neste País que teve o mérito, de uma forma pacífica, de despertar a consciência de muitos brasileiros a respeito da legitimidade da importância do Movimento Sem-Terra. Essa pessoa mereceria o meu voto porque sentou em volta de uma mesa com o Ministro da Reforma Agrária, com o Presidente da República, no sentido de chegar a um acordo de paz. Isso não teve muita repercussão na mídia, porque qualquer coisa bem-feita pelo Presidente da República, pelo Ministro da Reforma Agrária não tem a repercussão que teria se tivesse sido  iniciativa do PT.

Outro dia, eu dizia aqui, quando fui aparteado pelo Ver. Guilherme Barbosa, que eu pediria à Bancada do PT que reconhecesse que fora do PT também havia vida inteligente, que as pessoas têm condições de raciocínio e podem ver coisas muito boas, mesmo que os governos sejam de outra facção. Assim como o Ver. Antonio Hohlfeldt apresenta agora um pedido muito mais amplo de uma CPI, nós queremos, através de uma inquirição ampla, a abertura de todas as contas bancárias de todos os homens públicos. Nós queremos a averiguação, uma por  uma, de todas as pessoas que tenham responsabilidade pública neste País. Isso é importantíssimo, quando agora, neste momento, existe uma campanha orquestrada a favor da CPI, que é um rótulo, um símbolo, uma sigla, mas que quantas e quantas vezes frustrou esta Nação e quantas injustiças cometeu, inclusive de pessoas que perderam os seus mandatos. Depois, a Justiça os declarou inocentes, e não por falta de provas - declarou inocente com a presença das provas apresentadas. Depois do travesseiro de penas atiradas, não há como recolhê-las. Essa é a maneira mais correta. E, por favor, não foi a Bancada do PT que pediu para apurar até o fim, até as últimas conseqüências. E pode-se incluir nisso, implicitamente, uma CPI, mas nós queremos muito mais do que uma CPI. É uma reavaliação da postura do político brasileiro que não pode estar permanentemente enxovalhada por uma minoria que faz esse tipo de procedimento e que, em geral, não tem condições mínimas de postura, de contribuição para o País, num papel tão importante como é o de Deputado Federal, o de Senador, o de Governador de Estado. Acho que temos que rasgar essas imunidades se isso não for espontâneo, como o  caso de diversas pessoas neste País que, quando foram acusadas, abriram suas contas bancárias, abriram suas declarações de bens, se submeteram voluntariamente a qualquer tipo de investigação. Acho que isso deve ser regra geral, inclusive que, dentro desta ampla inquirição, estejam todos os políticos, as pessoas que têm responsabilidade pública. E, lamentavelmente, essa idéia partiu do PSDB, porque talvez não seja um partido que tenha a consideração e que seja considerado como um partido inteligente pelo PT, mas que, com a coragem cíclica de querer apoiar, doa a quem doer, nós tivemos esta capacidade e, principalmente, esta  coragem de, sendo situação, querer apurar até o fim quando um Ministro do PSDB está envolvido. Se não for levada em consideração esta grandeza, votar contra seria mais uma das formas de fazer política que o nosso PT quer ensinar à Nação. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encerrados os encaminhamentos. Em votação o Requerimento. (Após a chamada.) REJEITADO o Requerimento nº 126/97 por 11 votos SIM, 17 votos NÃO  e 01 ABSTENÇÃO.

Voto da Vera. Tereza Franco (em justificativa anti-regimental): “Estou mais preocupada com o povo de Porto Alegre, mas, se é para o bem de todos, eu voto sim”.

 

O SR. 2º SECRETÁRIO: Requerimento, de autoria do Ver. Nereu D'Ávila, solicitando Moção de Solidariedade ao Requerimento que solicitou a formação de uma CPI no Congresso Nacional para investigar a compra de votos no processo de votação da Emenda Constitucional para a reeleição de cargos executivos.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL (Esclarecimento): Eu gostaria que me fosse esclarecido se consta nos autos do processo cópia desse Requerimento, e aí, então, que fosse lido esse Requerimento para sabermos quem fez, para quem e quando. Porque, se não, não saberei o que votar.

 

O SR. PRESIDENTE: No processo que está tramitando, neste momento, em votação, não consta cópia desse Requerimento.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA (Esclarecimento): Esse Requerimento de Solidariedade é ao documento ou aos Deputados que assinaram o documento?

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa vai esclarecer, lendo novamente o Requerimento. Antes, peço licença para colocar em votação a prorrogação da Sessão por mais duas horas para continuarmos a Ordem do Dia.

 

O SR. ISAAC AINHORN (Esclarecimento): Gostaria de saber a que horas encerra a Sessão.

 

O SR. PRESIDENTE: Às 18h03min.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Então há uma divergência, porque houve uma interrupção de quatro minutos.

 

O SR. PRESIDENTE: A informação que recebemos da Diretoria Legislativa é de que foram três minutos. Considero ter esclarecido.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Solicito votação nominal para a prorrogação da Sessão.

 

O SR. PRESIDENTE: Será feito, Ver. Isaac Ainhorn. Antes, vou esclarecer o questionamento do Ver. Fernando Záchia. (O Ver. Guilherme Barbosa procede à leitura do Requerimento.) A leitura do Requerimento nos demonstra que a Moção de Solidariedade é ao Requerimento que solicitou a formação de uma CPI no Congresso Nacional.

Esta Presidência vai colocar em votação a prorrogação da Sessão por mais duas horas. Em votação. (Após a chamada.) APROVADA  a prorrogação da Sessão por mais duas horas por 22 votos SIM e 02 votos NÃO.

Em votação Requerimento nº 130/97, de autoria do Ver. Nereu D’Ávila, solicitando Moção de Solidariedade ao Requerimento que solicitou a formação de CPI no Congresso Nacional para investigar a compra de votos no processo de votação da Emenda Constitucional que dispôs sobre a possibilidade de reeleição para os cargos executivos.

O Ver. João Dib está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, são  6 horas passadas, hora da "Ave - Maria", espírito de conciliação presente. Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não é a primeira vez que venho reclamar de uma situação como esta: uma Moção de Solidariedade a um papel, a um Requerimento, e não aos que assinaram o Requerimento. Considero  estranho, muito estranho. No Requerimento  anterior, do nobre Ver. Antonio Hohlfeldt, votei favoravelmente, mas  voto contrariamente a este, porque é preciso que nós tenhamos a sensibilidade de analisar os fatos. Esta Casa já instalou uma Comissão Processante para um Vereador, por cheques assinados, e o relator da matéria chegou à conclusão de que,  não podendo fazer a verificação bancária,  o Vereador tinha que ser absolvido. Vimos que o Deputado João Alves, o grande anão do Orçamento,  levou muito tempo pensando no que ia  fazer para renunciar e o fez depois de todas as reuniões da CPI, que tem uma tramitação extraordinariamente difícil; tem-se que analisar na Comissão de Justiça se pode ou não pode, se vai ou não vai, se acontece ou não acontece para depois ir ao Plenário e, de repente, na tal da Comissão “Parlamentar”  de Inquérito,  algumas pessoas que não deveriam ser cassadas o foram e outras fugiram.  Agora o Deputado - Presidente da Câmara Federal, Deputado Michel Temer, tomou uma medida absolutamente correta,  rápida e eficiente: a  Sindicância. Ele não tem que perguntar para os partidos quem vai compor, quem não vai dispor. A ele não interessava. Hoje já dois fugiram da raia. Já dois dos Deputados, os mais claramente culpados, já se retiraram, já renunciaram a seus mandatos. Isso não significa que a Sindicância levada a termo, como pediu o Ver. Antonio Hohlfeldt, não possa ainda buscá-los lá para responsabilizar.

Na verdade, eu não vou entender nunca. Eu sempre digo aqui que Presidente preside. Que o Presidente da República interfira no Congresso Nacional para que se vote ou não a reeleição?! Isso não lhe cabia. Ele tem partido, ele tem seguidores e a estes caberia fazer esse trabalho. Não a ele. E se eu fosse Presidente e o meu Ministro fizesse o que faz esse “Serjão”, que inclusive já arrumou o verbo “Sergiar”, no primeiro deslize ele tinha voado para muito longe.

E agora que o Presidente da Câmara Federal toma uma medida correta e inteligente, porque foi urgente, imprescindível e no momento exato, nós estamos dizendo que ele está errado. Nós deveríamos dar força ao que ele está fazendo para que pudesse levar muito mais. A Sindicância é mais fácil que a Comissão “Parlamentar” de Inquérito, porque na Comissão “Parlamentar” de Inquérito muita gente tem fugido. Dá muito tempo de estudar o que vai fazer. A Sindicância, ao contrário, é rápida, é eficiente. Só queremos que ela vá até as últimas conseqüências; se tiver que atingir o Presidente da República, que o faça, porque ele não tinha que interferir no Congresso Nacional. Se ele quer ser reeleito, se ele tem méritos para isso - e eu acredito que ele tenha -, ele que aguarde sentado na sua posição de magistrado, de Presidente, e há de conseguir essa reeleição, mas não negociando com casuísmo. Presidente pode ser reeleito sem deixar o Governo. Os Governadores, porque os Senadores também querem ser candidatos, têm que deixar o Governo. Isso é casuísmo, isso não vale; dessas coisas nós deveríamos estar reclamando e não da atitude correta, inteligente, séria e responsável do Presidente da Câmara Federal. Eu queria que mais gente tivesse a mesma determinação do Presidente Michel Temer para tomar providências  que precisam ser tomadas e não são tomadas. E eu volto a dizer do Vereador que tinha cheques aqui e que o relator não pôde encontrar  no banco as necessárias condições para puni-lo. Foi  “para lamentar”. Saúde e paz. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 O SR. PRESIDENTE:  A Mesa tem a honra e a satisfação de registrar as presenças, neste Plenário, do Ver. Altamir Fernandez, da Cidade de Pato, Minas Gerais, do Partido dos Trabalhadores, e do Secretário Municipal do Meio Ambiente, Sr. Hideraldo Caron.

 

O SR. NEREU D'ÁVILA (Requerimento): Sr. Presidente, reconheço que houve um equívoco na datilografia do Requerimento. Então, quero retificar o Requerimento no seguinte teor: “Seja  encaminhada uma Moção de Solidariedade aos Parlamentares que assinaram o Requerimento que solicitou a formação de uma CPI”. E mais abaixo também retifica-se para : “A Moção será enviada ao Presidente da Câmara dos Deputados”. Peço escusas pelos erros datilográficos, mas corrigidos em tempo, antes da votação.

 

O SR. PRESIDENTE: V.Exa. poderá fazer no próprio processo, como autor do Requerimento, com a anuência dos que assinaram a modificação manuscrita e solicitar a rubrica de todos que assinaram.

O  Ver. Pedro Ruas está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, por algumas vezes, nesta  tribuna, ocupamo-nos em discutir as atribuições que temos enquanto Vereadores e sobre a nossa responsabilidade enquanto cidadãos militantes políticos vinculados a partidos políticos. Este, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é dos momentos em que é preciso, é necessário afirmar a nossa cidadania, a nossa posição enquanto representantes do povo de Porto Alegre acerca de um dos assuntos mais importantes que o nosso País debate atualmente. A Emenda Constitucional que permitiu a reeleição para os cargos executivos  teve, a partir da denúncia ou confissão de suborno, de pagamento de propina para obtenção de votos, todo o seu processo manchado. Tivemos no País um episódio que, se não esclarecido, compromete de uma forma definitiva todo o processo eleitoral que teremos em 1998. Por isso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é absolutamente imprescindível que o Congresso Nacional examine com rigor, através de uma CPI, o que realmente houve, quantos votos e quais votos foram comprados para que ocorresse a aprovação da Emenda que possibilitou a reeleição. A Nação exige que essa investigação seja feita, e a investigação só se dará de forma efetiva, de forma correta, através de uma CPI. Esta atribuição do Congresso Nacional, cujo Requerimento já é de domínio público, através da imprensa, merece de nós apoio manifestado nessa Moção de Solidariedade assinada por diversos Líderes e Vice-Líderes de Bancada nesta  Casa e, com certeza, mostrará a posição do povo de Porto Alegre acerca do Requerimento a ser votado no Congresso Nacional. Há poucos momentos, os Vereadores Nereu D'Ávila, Isaac Ainhorn, Elói Guimarães e este Vereador discutíamos a questão com os Vereadores da Bancada do PT, do PPS e do PSB, e chegávamos à conclusão, exatamente na linha proposta pelos Vereadores Juarez Pinheiro e Gerson Almeida, de que tínhamos obrigação de mostrar ao Congresso Nacional a posição da população de Porto Alegre acerca de um tema de tamanha importância que, vejam bem, repito, se não esclarecido devidamente, corretamente, maculará para sempre o processo eleitoral de 1998, deixando o País exposto à vergonha  internacional, deixando, mais uma vez, o Brasil virar chacota dos círculos  internacionais que discutem a política da América  Latina. E mostrando, infelizmente, que ainda, aqui no Brasil - o Brasil do “impeachment” de Collor -, vigora a política do antigo centrão, a política do “é dando que se recebe”. Por  isso, essa CPI precisa vingar, atuar, esclarecer e condenar. É por isto que nós, aqui em Porto Alegre, encaminharemos ao Congresso Nacional, ao Presidente do Senado, ao Presidente da Câmara, ao Presidente da República, a posição da Capital do Rio Grande, no sentido de que nós não concordamos com o que aconteceu. E mais: exigimos investigação e punição dos culpados. Peço, por isso, a aprovação. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

      

O SR. PRESIDENTE (Guilherme Barbosa): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. LUIZ BRAZ : Sr. Presidente, Srs. Vereadores, mais uma vez, venho a esta tribuna para encaminhar favoravelmente a esta Moção. Achei estranho que as Bancadas do PT e do PDT não tenham votado também favoravelmente à outra Moção que foi colocada neste Plenário pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, porque deixou a impressão do seguinte: este fato deve ser utilizado apenas politicamente. Não deve, na verdade, ele servir para averiguar a fundo a verdade dos fatos, porque se o importante aqui para este Plenário e para todos nós Vereadores fosse verificar quais as verdades que temos em relação a essas denúncias, tanto faria o método solicitado ou colocado na Moção do Ver. Antonio Hohlfeldt, como este método da CPI, que foi exaltado agora na Moção do Ver. Nereu D'Ávila. Para nós, queremos que a verdade possa vir à tona, que corruptos e corruptores possam, na verdade, ser denunciados e que seus nomes possam ser colocados à Nação até como exemplo para que o Congresso Nacional, mais uma vez, possa ser depurado. Pareceu-me que, para o PT e para o PDT, o que vale é o instrumento político - partidário, político - ideológico que vai ser utilizado e não a averiguação dos fatos.

Para nós, que votamos favoravelmente à Moção que foi encaminhada a este Plenário pelo Ver. Antonio Hohlfeldt e que vamos votar favoravelmente à Moção encaminhada pelo Ver. Nereu D’Ávila, o que vale é a averiguação dos fatos. Nós queremos que os culpados, tanto os corruptores quanto os corruptos, sejam punidos, sejam banidos da vida política. Eu acredito que as punições, as averiguações vão extrapolar os limites partidários e ideológicos, ou, pelo menos, deveria ser assim. Mas esta matéria não foi tratada dessa forma, hoje, por este Plenário. Parece que a utilização da CPI  como um instrumento político - partidário - ideológico foi muito mais relevante do que a averiguação correta dos fatos.

Mas nós vamos votar favoravelmente também à Moção colocada neste Plenário pelo Ver. Nereu D`Ávila. Muito obrigado.

 

 (Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gerson Almeida está com a palavra pela Bancada do PT.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu fiz questão de encaminhar essa Moção porque esse tema de moções e o tema de manobras regimentais têm sido alvo e objeto de debate sério e real nesta Casa.

Nós, por intermédio de vários Vereadores, não só da Bancada do PT, mas de outras bancadas, propusemos, quando da Moção votada anteriormente, de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, exatamente colocar um adendo, inclusive CPI, uma coisa bastante comedida que valorizava a iniciativa do Ver. Antonio Hohlfeldt e que desfazia a idéia de que estávamos, aqui, apenas querendo colocar mais uma armadilha entre a oposição e a situação, ou coisa do gênero. Nós queríamos afirmar uma posição soberana deste Plenário em relação a um dos temas mais graves, sérios que a Nação Brasileira vive. O Ver. Antonio Hohlfeldt se negou a incorporar isso, assim como ele mesmo solicitou, numa moção que este Vereador entrou em relação ao magistério, que se colocasse não “solidariedade ao CPERS/Sindicato”, mas “solidariedade aos trabalhadores em educação”, sugestão prontamente assumida por mim, como autor, e aprovada pelo Plenário.

 Parece que isto não é de menor importância. Porque se nós, deste Plenário, ficarmos buscando apresentar armadilhas para os demais e transformar em pequenas “malandragens”, vamos dizer assim, nós em muitos momentos podemos estar indo pelo caminho mais curto, mas, talvez, não pelo melhor. E isso serve para a nossa Bancada, inclusive.

 O PT jamais chamou o Presidente Fernando Henrique Cardoso de corrupto. As lideranças locais e nacionais do nosso Partido têm sido muito cuidadosas nesta questão. O PT não quer paralisar o País. Ao contrário, o PT é quem tem proposto, junto com as forças democráticas do bloco de oposição, tem proposto várias políticas de reformas necessárias para fazer este País arrumar um outro caminho de desenvolvimento. No entanto, o que o PT e a oposição querem é fortalecer os mecanismos de controle democrático para enfrentar crises como esta. Porque sabemos que, na ausência dos mecanismos de controle democrático para superar crises como esta, há outros mecanismos. E não queremos nenhuma outra forma.

 A CPI, a Comissão Parlamentar de Inquérito, é o melhor e o mais abrangente instituto para que - como muito bem disse o Ver. Pedro Américo Leal e outros - não fiquemos na dúvida se são apenas aqueles cinco Deputados que receberam 200 mil reais para votar na reeleição ou todos os Deputados que votaram pela reeleição,  ou 50% ou 40%, ou seja lá o que for. É preciso fazer uma investigação a fundo e usar todos os mecanismos que a democracia permite para fazer isso. E a CPI é o melhor,  mais abrangente, mais adequado.

 E não é verdade que as CPIs tenham “dado em pizza”, como disse o Ver. Antonio Hohlfeldt. Não é verdade. Teve uma CPI que deu “impeachment”, marcando a história democrática deste País com sucessão via regime democrático de Presidente constitucionalmente eleito e constitucionalmente derrubado. As demais CPIs, como a dos precatórios, têm cumprido papel fundamental na  purgação das mazelas construídas da forma de fazer política no País. E o Ver. Pedro Américo Leal disse bem: o Sen. Pedro Simon, para ser político de um outro partido que não o meu, tem feito uma pregação por uma CPI - a CPI dos corruptores,  que talvez essa abarque o conjunto das demais. E quem é que tem impedido essa CPI? O próprio Presidente da República. Então, vejam: é um momento importante da política nacional, e nós, PT e PDT, partidos de situação e oposição, respectivamente, temos que nos desvencilhar dessa situação momentânea e saber que, nesses momentos de crise, ou se fortalece o controle social e democrático ou nós decretaremos a falência a esses mecanismos. Por isso, CPI até a última acusação para termos certeza de qual é o tamanho do estrago e, democraticamente, superarmos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:  O Ver. João Dib está com palavra para encaminhar. Ver. João Dib, a Assessoria está-me informando que V.Exa. já tinha encaminhado essa Moção.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, eu não quero discutir. Eu encaminhei uma proposição que era Moção de Solidariedade. Agora foi modificado. Agora está-se fazendo de maneira correta.

 

O SR. PRESIDENTE: V. Exa. traz à Mesa uma questão inusitada, mas, no espírito de conciliação, depois das 18 horas, o Senhor usa cinco minutos.

 

O SR. JOÃO DIB: Dezoito horas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é a hora da Ave - Maria, hora da conciliação. Eu estranho muito que as boas medidas não sejam aplaudidas. Eu vejo muita gente discutir aqui que precisava 257 assinaturas para que se instalasse uma Comissão Parlamentar de Inquérito, e eu leio a Constituição, que me informou o Ver. Juarez Pinheiro, art. 58, parágrafo 3º, onde diz que 1/3, ou seja, 171 Deputados poderiam ter pedido. Talvez nem lá eles saibam que 171 Deputados poderiam ter pedido. Agora, eu devo dizer que algumas medidas precisam ser tomadas de imediato ou a gente até deve esquecer, e eu insisto que o Presidente da Câmara Federal, Michel Temer, tomou uma medida absolutamente correta: ele determinou uma Sindicância. Ele não esperou assinatura de Deputados que assinariam ou não assinariam, que seriam comprados ou não comprados pelo Governo, pelo Ministro Sérgio Motta. Ele determinou a medida certa para o momento certo, com a correção devida e com a responsabilidade e seriedade de quem não transfere a sua responsabilidade, e esse homem está sendo agora esquecido porque se pretendeu dar apoio à medida por ele tomada e que está sendo criticada. A medida por ele tomada já fez com que dois Deputados renunciassem aos seus mandatos porque eles sabiam  que eram culpados e a Sindicância estava chegando nisso. As medidas de análises das conversas de  mister “X” com mister “Y” e mister “Z” também estavam feitas, pagas. Imaginem uma CPI e tendo que pedir licença, autorização e uma série de coisas para chegar a Plenário. Antes de mais nada, no serviço público, se faz uma Sindicância e, a partir da Sindicância, pode-se chegar a uma Comissão Parlamentar de Inquérito ou não. Isso é o serviço público. É, o Congresso Nacional não é diferente! Poderia o Congresso Nacional, através da Sindicância, chegar à conclusão de que precisaria a Comissão de Inquérito, e eu acho que aí não precisaria de todas as assinaturas. Era a continuidade de um trabalho muito bem feito. Talvez se anulem os resultados obtidos pela Sindicância, Ver. José Valdir, e comece tudo de novo numa Comissão Parlamentar de Inquérito. Talvez seja uma coisa boa, talvez todos fiquem satisfeitos. Não se fica satisfeito, quando se faz a coisa bem-feita, mas sim quando se faz a coisa espalhafatosamente, com estardalhaço, quando se entra na fila para fazer a Comissão Parlamentar de Inquérito. Agora, a Sindicância, que é imediata, efetiva, consistente, correta, justa, precisa, responsável, esta nós desdenhamos. Então, o Presidente da Câmara Federal, Michel Temer, meu patrício, provavelmente esteja errado. Que tristeza para mim!

Eu gostaria que, num fim de tarde, espírito conciliador, nós estivéssemos somando com o Presidente da Câmara Federal, dando-lhe forças para que ele buscasse outros responsáveis e que pudesse responder quem comprou e quem vendeu. Porque pior é quem comprou do que quem vendeu. Porque direito a gente não compra, direito a gente exige. E se o Presidente tem direito à reeleição, não precisa comprar votos. O Sr. “Serjão” não precisa comprar votos. Direito é direito. Direito se exige, e eu não entendo, quando alguém cumpre com o seu dever - e eu sempre digo que o direito nasce com o dever -, quando alguém cumpre o seu dever praticamente está sendo criticado, porque ele fez uma Sindicância e não juntou mais 170 Deputados junto com ele para pedir uma Comissão Parlamentar de Inquérito.  Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em  votação nominal, a Requerimento do Ver. Pedro Ruas e Ver. João Dib, a Moção de Solidariedade aos Parlamentares que assinaram o Requerimento que solicitou a formação de CPI no Congresso Nacional para investigar a compra de votos por ocasião do processo de votação da Emenda Constitucional que dispôs sobre a reeleição para os cargos executivos. (Após a chamada.) APROVADA a Moção de Solidariedade por 21 votos SIM e 01 ABSTENÇÃO.

Está com a palavra o Ver. Renato Guimarães.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES (Esclarecimento): Informei a esta Casa que amanhã haveria uma reintegração de posse na Nazaré. Fui informado, agora, de que advogados da OAB fizeram uma acareação junto à Casa Civil e a reintegração foi suspensa por tempo indeterminado.

 

O SR. PRESIDENTE: É uma informação importante uma vez que Vereadores da Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação já estavam  com assessoria e segurança da Casa prontos para amanhã participarem e verificarem de perto essa situação.

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h43min.)

 

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